Obrigada Cte. Vilhena
O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.
A eles dedicamos estas linhas.
José Vilhena e Maria Luísa Hingá
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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com
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Por motivos alheios algumas das imagens não abrem no tamanho original. Nesse caso podem selecionar “abrir imagem num novo separador” ou “Guardar imagem como…”.
30/10/06
117- Simulacro do combate aéreo
Cmte. M. Faria Peixoto
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Mas que espectáculo,...
Maravilhoso! Linda esta descrição.
É tão real e pormenorizada que parece estamos a assistir a toda esta "cena" neste momento..... O tempo pára!
São Camposinhos
116-Controladoras de tráfego aéreo
115-O Governador-geral Eng. Arantes e Oliveira visita a Manutenção da DETA
O Dakota CR-AGD “Gorongoza” em pano de fundo!!!!
114- Para conhecimento de todos os que queiram contribuir com elementos para o blog Voando em Moçambique
29/10/06
113-“Deixei o meu Coração em África”, Manuel Arouca
Do livro de Manuel Arouca “Deixei o meu Coração em África” publicado recentemente pela Oficina do Livro (2005), um pequeno excerto que relata, com pequenas imprecisões, factos verídicos relacionados com o “Aero Clube de Moçambique”.
Manuel Arouca, nasceu em Porto Amélia a 3 de Janeiro de 1955.
Os dois.... rumaram de seguida para o Aero Clube de Moçambique (1). Era uma outra faceta do pai, - apaixonado dos aviões e sócio do Aero Clube - que Guida queria dar a conhecer a Ricardo: Gente que vivia uma realidade completamente distinta do jet set do Grémio. Nas suas patuscadas e aventuras, além do ya, chamavam aos brancos whites.
O Aero Clube encontrava-se inserido no Aeroporto Internacional. No seu cantinho, como os pilotos dos teco-tecos diziam no gozo, erguia-se um hangar com cobertura de zinco, onde, no seu interior e exterior, se espalhava um numero significativo de avionetas Piper Tripacer, Piper Comanche, Super Cubs, Austers, Cessnas, Tigers, um bimotor Twin Comanche, Chipmunks, decisivos na instrução e formação de pilotos. Os primeiros pilotos da DETA foram ali formados. A filha do Engenheiro Rui Ramos (2) mostrou com vaidade o primeiro avião do Aero Clube, um Hornet Moth com matricula CR-AAA (3). Uma ave rara. Explicou-lhe, andando em direcção ao avião do pai, que aquele Aero Clube fazia muito mais horas de voo do que todos os Aero Clubes da metrópole juntos. Fê-lo entrar num Cessna 206 pintado com cores vivas, que tinha lugar para o piloto e cinco passageiros. Aí tirou de uma pasta de couro com fivela um álbum de fotografias e recortes de jornais, onde o seu pai participava em festivais aéreos no aeródromo da cidade de Durban. Tinha como inseparável companheiro destas acrobacias loucas e vistosas o comerciante e infatigável impulsionador das actividades do Aero Clube, Rui Monteiro. Eram conhecidos pelos Ruis, os RR. E, na fotografia que se seguiu, via-se o Chipmunk do Rui Monteiro voando rente ao solo, em corrida acesa com o Cooper S de Xavier de Melo, no autódromo do Xilunguine. (4)
-Isto é único! - exclamou o meu amigo.
Mas as proezas daquele vasto número de pilotos não se ficavam por ali. Dizia Guida, subindo o entusiástico tom de voz:
- Nos Auster eles fazem a distribuição do correio. Nas cheias há populações que chegam a ficar seis meses isoladas do mundo. (5)
O que Ricardo não fazia a mínima ideia era que o voo curava a tosse convulsa (6). Tinha nas mãos umas fotografias com crianças ladeadas pelas mães, o Rui Monteiro (7) e o Rui Ramos.
- Metia dó ver aquelas crianças a tossirem cavernosamente. A todo o momento, pareciam que iam ficar sem ar.
- Não havia remédios? – interrompia o perplexo Comando.
- Ainda há bem pouco tempo, pouco ou nada faziam. Então as crianças iam nos aviões com as mães, porque muitas vezes vomitavam quando chegavam lá a cima. Também adormeciam. A primeira vez o meu pai, coitado, pensou que o miúdo tinha morrido. Depois habituaram-se. Faziam três voos, sempre a subir e a descer lentamente. O primeiro a 1.000 metros, o segundo a 2.000 metros e o ultimo a 3.000 metros. Geralmente, ao segundo, já estavam curados. Não falhava.
(1) O autor chama-lhe Aero Clube de Lourenço Marques.
(2) Eng. Rui Ramos – ficção ou realidade? Alguém que elucide se existiu de facto o Eng. Rui Ramos!
(3) Refere-se o autor certamente ao Hornet Moth CR-AAC, terceiro avião da DETA e oferecido ao Aero Clube em Junho de 1967. Não foi de facto o primeiro avião do Aero Clube de Moçambique. (ver artigo 49). O CR-AAA foi o primeiro avião da DETA e sempre pertenceu à mesma. (ver artigo 26).
(4) Refere-se ao descrito no artigo 50.
(5) Esta era uma das missões das FAV - Formações Aéreas Voluntárias (artigo 54).
(6) Voos de tosse convulsa, muito em moda nos tempos idos em Moçambique!
(7) Rui Novais Leite Monteiro – ver artigos 49, 54 e 60.
José Vilhena
112 - Gabinete de Planeamento do Zambeze-GPZ
Artigo de João M. Vidal, a quem agradeço a colaboração.
Resumo Histórico:
O departamento do Ministério do Ultramar inicialmente designado “MHZ - Missão Hidrográfica do Zambeze”, após a decisão da construção da barragem de Cabora-Bassa (hoje em dia designada “Cahora-Bassa”) passou a ser designado “GPZ – Gabinete do Plano do Zambeze” e subdividido em duas repartições:
- Os “SREP – Serviços Regionais de Estudo e Planeamento” baseado em Tete.
- Os “SRFOCB – Serviços Regionais de Fiscalização da Obra de Cabora-Bassa” baseados no Songo.
O Departamento de Aviação estava baseado no aeródromo civil de Tete e dependia dos SREP.
Organizado nos moldes de uma Esquadra Operacional da FAP, de onde todos os pilotos eram oriundos, operava em moldes paramilitares (como uma versão Portuguesa da AirAmerica do Sudoeste Asiático)
FrotaAviões:
CR-AFU Piper PA-22-160 Tripacer c/n: 22-5703 Serviço: 1958/1975
CR-AFV Piper PA-23-160 Apache c/n: 23-1330 Serviço: 1958/1974
CR-AKT Piper PA-23-250 Aztec D c/n: 27-4026 Serviço: 1968/1974
CR-ALT Piper PA-31-310 Navajo c/n: 31-476 Serviço: 1970/1973
CR-ANV Dornier Do.28D-1 Skyservant c/n: 4024 Serviço: 1972/1973
CR-AOU Rockwell 500S Shrike Commander c/n: 3120 Serviço: 1973/1975
CR-AOV Britten-Norman BN-2A-3 Islander c/n: 624 Serviço: 1973/1975
CR-AOX Do.28D-1 Skyservant c/n: 4027 Serviço: 1973/1975
Helicópteros:
CR-AGE Agusta-Bell 47G c/n: 245 Serviço: 1958/
CR-AGF Agusta-Bell 47J Ranger c/n: 1032 Serviço: 1958/1971
CR-AHA Agusta-Bell 47J-2 Ranger c/n: 1804 Serviço: 1961/
CR-AHK Bell 47G-3 c/n: 2635 Serviço: 1961/
CR-ALV Bell 206A Jet Ranger c/n: 591 Serviço: 1970/
CR-ALX Bell 206A Jet Ranger c/n: 585 Serviço: 1970/
CR-ALZ Bell 206A Jet Ranger c/n: 592 Serviço: 1970/
CR-AMA Bell 47G-4A c/n: 7733 Serviço: 1970/1974
CR-AMB Bell 47G-4A c/n: 7735 Serviço: 1970/1974
CR-ANT Bell 206B Jet Ranger c/n: ? Serviço: 1972/
CR-AOE Bell 206B Jet Ranger c/n: ? Serviço: 1972/
CR-HAK Bell 206B Jet Ranger c/n: 1098 Serviço: 1972/
CR-HAL Bell 206B Jet Ranger c/n: 1099 Serviço: 1972/
CR-HAM Bell 206B Jet Ranger c/n: 2001 Serviço: 1972/
Curiosidades:
1) Devido à antiga designação "Missão Hidrográfica do Zambeze" continuámos sempre a ser conhecidos no Distrito de Tete como os "aviões e pilotos da Missão" o que certamente nos livrou de maior hostilidade já que os verdadeiros Missionários eram conhecidamente simpatisantes da FRELIMO. Isto apesar das nossas missões serem muito pouco "católicas" (transporte de armamento, colocação de tropas etc.), ainda menos "ortodoxas" (reconhecimentos visuais à procura de bases inimigas) e os pilotos serem muito pouco apostólicos" (cooperação com a Força Aérea Rodesiana)
2) Apesar do que está escrito acima, três pilotos faleceram ao serem abatidos: Abílio Silvestre, Pedro Monteiro e Santos (o famoso "Xantos")
3) Era condição necessária para se ser admitido como piloto do GPZ ter-se já cumprido uma comissão de serviço como piloto militar. Para que os salários fossem competitivos com os praticados na aviação civil, ingressava-se com o equivalente a uma graduação em capitão, podendo atingir-se o nível de pagamento de tenente-coronel (piloto chefe). Isto gerou diversos conflitos pois alguns pilotos milicianos do AB.7, quando escalados para missões mais “cabeludas”, passaram sistematicamente a dizer: “mandem os tipos do GPZ que ganham bem!” principalmente quando começaram a aparecer os “Strella” na região.
4) Devido à sua confidencialidade, a actividade do Departamento de Aviação do GPZ é certamente uma das menos conhecidas de toda a aviação Portuguesa. Talvez esteja na hora de começar a divulgar!
Durante os anos 60 até 1973 foi nosso Piloto-Chefe o Comandante Prazeres, uma pessoa agradabilíssima com um infinito senso de humor. Descrevê-lo não seria fácil e por si só valeria um livro.
Em 1973 foi promovido a Inspector, continuando sempre a voar mas sendo substituído na função de Piloto-Chefe por outro GRANDE homem: O Comandante António Silgado Dias Teixeira.
Só tenho as melhores recordações de ambos.
Se não me falha a [velha e fraca] memória, os pilotos do GPZ foram:
- Joaquim Prazeres (Fundou uma companhia de helicópteros em Portugal)
- António Silgado Teixeira (Seguiu para a AeroCondor)
- António Cunha (Seguiu para os Serviços Geográficos Cadastrais - Lourenço Marques)
- Vasco Lança (Seguiu para a TAP)
- Vítor (Quadro FAP em comissão civil. Regressou à FAP)
- Brandão
- Santa Cruz (Seguiu para a DETA)
- António "Tózé" Oliveira Marques (Seguiu para a DETA)
- Rui Salvado da Cunha
- Abílio Silvestre (Faleceu abatido em voo)
- João M. Vidal (Seguiu para a TAAG)
- João Fidalgo (Seguiu para a Emtepua)
- José Jorge "Pilotinho" Araújo
- Pedro Gaivão (Seguiu para a TAP)
- Câmara Leme Faria
- Martinho Martins (Seguiu para o DGAC/INAC)
- Pedro Monteiro (Faleceu abatido em voo)
- Santos "Xantos" (Faleceu abatido em voo)
- Licínio Canavarro Reis
Felizmente são quase todos ainda vivos e poderão lembrar-se de mais alguém de quem eu me possa ter esquecido.
28/10/06
111-Aeroclube de Cabo Delgado
gotaelbr said... "Chamava-se AERO CLUBE DE CABO DELGADO e por lá passaram não só os das fotos como o falecido Pachancho (Carlos Fernando Machado da Cruz), abatido pelos "turras" quando fazia uma evacuação de militares feridos em Mueda, Figueiredo, Irmãos Quental, Azevedo, Fernando Gil (Macua de Moçambique), António Spanas da Cunha e outros."
**Links das páginas donde foram retiradas as fotos:
ForEver PEMBA - http://foreverpemba.blogspot.com/
Pemba na net - http://geocities.yahoo.com.br/gotaelbr
25/10/06
102-Rotas da DETA, em 1950
Do livro Elementos de Aeronáutica Civil Nacional e Internacional de Joaquim Diniz Ferreira (2ª edição 1952)
101- Gladiolos em Vila Cabral, agora Lichinga
Assim e com grande curiosidade, nasceu a ideia de experimentar a cultura deste tipo de flores. Contactei o Eng.º Madureira dos Serviços de Agricultura, Amigo de horas amargas, que se mostrou muito interessado. Segundo ele, era uma cultura providencial para o momento que então se vivia, especialmente no colonato de Nova Madeira. povoado na sua quase totalidade por oriundos daquela ilha e vivendo com enormes dificuldades resultantes da guerrilha e das minas.
A cultura das flores não era novidade pois muitas das mulheres tinham já experiência dessa actividade.
Era ainda uma cultura que podia efectuar-se na vizinhança da habitação, sem deslocações perigosas, minimizando o perigo das minas.
Tinha ainda a particularidade de ser escoável por via aérea, característica rara em produtos agrícolas o que para o Niassa era fundamental quer pela inexistência de comunicações capazes quer pelas enormes distâncias aos centros de consumo.
Da Holanda foram importados os bolbos e distribuídos pelos residentes do colonato. A escolha, embalagem, transporte via DETA, colocação em Nampula, Beira, Lourenço Marques, etc. foram a minha função.
Por curiosidade posso referir que o primeiro lote de caixas específicas para a embalagem, fabricadas conforme o standard Sul-africano, eram 50 centímetros mais curtos que as flores. Estava provada a aptidão natural da terra para o cultivo daquelas flores. O explorador protestante tinha razão
Ainda hoje se vendem desses gladíolos em Vila Cabral (Lichinga)
Relato de Vítor Silva, que foi piloto na OCAPA - P. Amélia (Pemba) em 66/68 e de
100-SAC - Serviço da Aeronáutica Civil
98-Aeródromo e Aero Clube de Vila Pery/Chimoio 1
Continuação do artigo nº. 28... (Clicar)
Esta foto é de JCCunha e é actual.