O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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25/10/06

101- Gladiolos em Vila Cabral, agora Lichinga

Gladíolos de Vila Cabral (expostos na aerogare). Foto de Vítor Silva

Em 1969, ao ler a obra, "History of the Universities' Mission to Central Africa", oferecida pelo Padre Paul, Director da missão protestante de Messumba, (próximo de Metangula), chamou-me a atenção que num relato da viagem, Zanzibar ao Lago Niassa, um explorador missionário (século XIX), referisse com espanto a existência de grande abundância de pujantes gladíolos selvagens, nos planaltos elevados do Niassa.
Assim e com grande curiosidade, nasceu a ideia de experimentar a cultura deste tipo de flores. Contactei o Eng.º Madureira dos Serviços de Agricultura, Amigo de horas amargas, que se mostrou muito interessado. Segundo ele, era uma cultura providencial para o momento que então se vivia, especialmente no colonato de Nova Madeira. povoado na sua quase totalidade por oriundos daquela ilha e vivendo com enormes dificuldades resultantes da guerrilha e das minas.
A cultura das flores não era novidade pois muitas das mulheres tinham já experiência dessa actividade.
Era ainda uma cultura que podia efectuar-se na vizinhança da habitação, sem deslocações perigosas, minimizando o perigo das minas.
Tinha ainda a particularidade de ser escoável por via aérea, característica rara em produtos agrícolas o que para o Niassa era fundamental quer pela inexistência de comunicações capazes quer pelas enormes distâncias aos centros de consumo.
Da Holanda foram importados os bolbos e distribuídos pelos residentes do colonato. A escolha, embalagem, transporte via DETA, colocação em Nampula, Beira, Lourenço Marques, etc. foram a minha função.
Por curiosidade posso referir que o primeiro lote de caixas específicas para a embalagem, fabricadas conforme o standard Sul-africano, eram 50 centímetros mais curtos que as flores. Estava provada a aptidão natural da terra para o cultivo daquelas flores. O explorador protestante tinha razão
Ainda hoje se vendem desses gladíolos em Vila Cabral (Lichinga)

Relato de Vítor Silva, que foi piloto na OCAPA - P. Amélia (Pemba) em 66/68 e de 68 a 1972, nos TAN, Vila Cabral (Lichinga) e também, no Serviço da Aeronáutica Civil, em Moçambique.

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