O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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01/10/06

28-Aeródromo e Aero Clube de Vila Pery/Chimoio

Foto de Francisco Campeão

Este artigo continua no nº. 98  (Clicar aqui)

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Na foto, pode ver-se ao fundo o "Taylorcraft" vermelho, com a matrícula CR-ABZ, referenciado no texto. Esta fotografia foi tirada durante o Festival Aéreo que comemorou o 25º Aniversário do Aeroclube do Chimoio.

Foto e legenda do Cmte José Vilhena

Este post e o anterior foram copiados do Grupo Msn Vila Pery, com autorização do autor.
From: MARQUES2808 (Original Message)
Sent: 10/03/2006 3:41 PM

Muito pouca gente de Vila Pery saberá ou se lembrará, como teve início e quem foi o responsável pelo arranque desta obra.

O grande obreiro do Aeródromo de Vila Pery foi MANUEL DIAS DOS SANTOS, mais conhecido pelo Manel.

Filho do velho residente Agostinho Dias dos Santos, que era tratado carinhosamente pelo Pai Dias, e irmão do Francisco (Xico) Dias dos Santos, Abel Dias dos Santos e julgo que mais um ou dois irmãos ou irmãs, era, ao tempo, o responsável pela SHELL em Vila Pery, que mais tarde passou para o Entreposto, e do qual foi gerente.

O Manel que teve uma educação inglesa, era muito popular em Vila Pery, não só pela sua bonomia e por ser um "Bon Vivant" mas também pela sua característica no falar, misturando frequentemente o português com o inglês.

A sua personagem foi recriada, ainda em vida, numa Revista levada à cena pelo Teatro de Amadores de Vila Pery, intitulada "Vila Pery Via Aérea".
Nessa altura, o meu pai era o responsável pela "farm" da família Fernandes, de onde foi cedido um terreno destinado à construção de uma pista para pequenos aviões, fundamentalmente do Aero Clube da Beira, do qual faziam parte alguns familiares dos Fernandes, entre os quais o filho de um deles, que era piloto e instrutor.

Abro aqui um parêntesis só para dizer que foi com ele - Luís Manuel Fernandes - que tive o meu baptismo de voo.

Este talvez o motivo pelo qual cederam o terreno, possibilitando assim a deslocação do seu filho e outros, em avião, da Beira a Vila Pery.
Estamos a falar do tempo em que o Pungué ainda era atravessado de Batelão e a estrada não era alcatroada.

No período das férias escolares, era costume os filhos do Dr. Raul Fernandes, então Presidente da Câmara Municipal da Beira e Director do Observatório, o Tó, o Manuel e o Raul, virem passar algum tempo com os tios, à "farm" onde eu também estava.

Num determinado dia, o Manuel Dias dos Santos, que era visita da casa, desafiou-nos para irmos com ele ver umas coisas.
Começamos então a percorrer aquele terreno a pé e o Manel foi-nos dando conta das suas ideias e do que planeava fazer.

Além do capim bastante alto, havia ainda muitos arbustos, especialmente a célebre "lantana", o que dificultava bastante as caminhadas.

Porém, com os nossos 12/13 anos, nada nos atrapalhava e, entusiasmados com o que dali sairia, andámos nesta tarefa alguns dias, ajudando a medir, a colocar estacas, fazer marcações, etc. e a ouvir o Manel desfiar os planos que tinha.

Foram dias magníficos e entusiasmantes.

Depois apareceu um tractor a cortar o capim, a derrubar os arbustos e os morros de "muchem".

Os dias iam passando e a pista começou a ter forma. Inicialmente apenas uma, no sentido Nascente/Poente. Só mais tarde foram construídas outras duas, sendo uma no sentido Norte/Sul e outra, mais pequena, entre as duas.

Depois a manga de vento e as chapas pintadas a assinalar o final da pista e marcas a assinalarem os limites da sua largura.

Infelizmente, já não tenho presente quando a mesma foi inaugurada, mas existe na minha memória um pequeno festival aéreo com 2 ou 3 aviões do Aero Clube da Beira - os célebres "Tiger" - e alguns baptismos de voo.

Lembro aqui, que esta pista, logo após a construção, serviu para uma aterragem, quase de emergência, de um "Junkers" da DETA, da carreira L. Marques/Beira/Tete.

A partir daí foi criado o Aero Clube de Chimoio e foi construído um hangar para a recolha de 2 aparelhos.
A seguir veio a compra do 1º. Avião, um "Taylorcraft" vermelho, com a matrícula CR-ABZ.

Entretanto, a Direcção Geral de Aeronáutica Civil - suponho que foi este Organismo - assumiu, durante muito tempo, a manutenção e conservação do Aeródromo, tendo para ali enviado um funcionário.

Com a evolução e o consequente progresso de toda a região, o Aero Clube também evoluiu até atingir a situação que todos conhecemos.

Infelizmente, o Manuel Dias dos Santos, grande entusiasta das coisas da aviação - não recordo se ele possuía "brevet" - não chegou a ver toda a evolução da sua obra, pois faleceu antes disso

O seu irmão XICO, piloto e instrutor, depois de se fixar em Vila Pery, mais propriamente na Mafura, onde o pai tinha uma "farm" e ele acabou por adquirir uma outra, deu bastante apoio ao Aero Clube de Chimoio, tendo sido seu instrutor e formou vários pilotos da terra.

Também foi com ele que o CR-ABZ teve um acidente, de certo modo grave, na zona da Mavita, a quando do regresso de uma viagem à Beira, embora sem danos humanos.

Evidentemente que outras individualidades e empresas contribuíram para o engrandecimento desta obra, mas considero que o MANUEL DIAS DOS SANTOS, foi o seu grande obreiro.

Esta minha "mal alinhavada" crónica, não pretende mais do que dar a conhecer, aos mais novos, o nome dos que contribuíram para o progresso e engrandecimento daquela terra e, simultaneamente, prestar uma singela homenagem ao "MANEL".

Santo André, 06-03-10

Fernando Marques

6 comentários:

Anónimo disse...

Na foto, pode ver-se ao fundo o "Taylorcraft" vermelho, com a matrícula CR-ABZ, referenciado no texto.

Anónimo disse...

Já agora acrescento que esta fotografia foi tirada durante o Festival Aéreo que comemorou o 25º Aniversário do Aeroclube do Chimoio.
José Vilhena

Anónimo disse...

Bom dia a todos,
Reparei que referiam que o Teatro de Amadores de Vila Pery encenou a "revista" "Vila Pery Via Aérea".
Pergunto se recordam da data em que tal aconteceu e se alguem tem fotografias dessa revista.
A pergunta que faço prende-se com uma pesquisa que ando a fazer sobre o Conjunto Oliveira Muge que, durante a decada de sessenta, colaboraram, por diversas vezes com esse Teatro.
Obrigado
rafaelamorim2@gmail.com

Unknown disse...

estou recordando com muita saudade do aeroclube do Chimoio .Fui aluno do Laranjo na epoca de 1970 a 1973.
Fiz o curso de paraquedismo quando ainda aluno do camões ,curso dado pela FAP .
Mas voltando ao chimoio não me lembro do nome mas um dos sócios do aeroclube quando o tempo relampejava no fim da tarde ele combinava sairmos de madrugada para colher cogumelos nos pastos das Farm's proximas do aeroclube .
Eu era o sócio ordinário 104.
voava bastante de boleia com o Mota da Costa.Se continuar acho que tenho assunto para escrever um pequeno livro .Voei o Taylorcraft com o amigo Laranjo e solei num domingo ensolarado .
Hoje vivo no Brasil em vias de me aposentar após voar 40 anos como comandante e parte deles voando o Airbus na Latam .Agradeço os ensinamentos recebidos neste Aeroclube para me ajudar aser o que sou hoje .Um grande abraço e lembrando que o meu nomw é Luiz Monteiro.
cmtelumon@gmail.com

Anónimo disse...

Vivi em Vila Pery nos anos 1950s, onde o meu Pai foi Administrador do Chimoio. De entre os muitos amigos e amigas que aí tive o grande prazer de ter, contava-se o Manuel (Manel) Dias dos Santos, agente de alfaias agrícolas e dos tractores Massey-Ferguson. Muito boa pessoa e sempre pronto para ajudar, aliás, o seu irmão mais velho, Francisco, fora o facto de ser piloto e instrutor de aeronaves era agricultor e recrutador de pessoal a tempo inteiro. Ainda voei com o Manel que "brincava" com o avião longe das vistas de Vila Pery para não dar "barraca". Bons tempos, saudades fazem-nos reviver. Aqui vai um grande abraço a todas e todos dessa terra.

Artur Duarte Pinto Ribeiro disse...

Boa noite,


Quero informar-vos que eu sou filho do senhor Aloísio Cardoso Pinto Ribeiro, o meu pai deu aulas de voo ao senhor Laranjo. Daqui uns dias enviarei fotos



Cumprimentos