FAV 301 - inaugurada por ocasião do 26º aniversário do ACB com uma cerimónia de juramento de fidelidade que presidiu o comandante da 3ª RA, General Machado de Barros, era constituída por 12 pilotos (entre os quais uma senhora) e pelos seguintes aviões: um Piper Tripacer (CR-AGN), dois Piper Colt (CR-AHJ e CR-AHN), um Chipmunk (CR-AEE) e um Piper Apache (CR-AFZ), a que se juntariam mais tarde um Chipmunk (CR-AEH), um Tiger Moth (CR-AFP) e dois Taylorcraft (CR-ACA e CR-ABZ).
FAV 302 – constituída no ACM, dos 53 pilotos inscritos, por estritas razoes de organização, apenas foram admitidos 12. Os meios aéreos colocados ao seu serviço foram: um Piper Tripacer (CR-AFM), um Beechcraft Bonanza (CR-AHU), um Chipmunk (CR-AEI), seis Tiger Moth (CR-AGL, CR-AGM, CR-AHO, CR-AHQ, CR-AHR e CR-AHS), um Hornet moth (CR-AAC), juntando-se-lhes no ano seguinte um Cessna 140 (CR-AFC) e um Super Cub (CR-AGO).
À semelhança do que acontecia em Angola, as FAV’s de Moçambique estavam na dependência doa comandantes das unidades aéreas do respectivo sector, recebendo apoio material (sobretudo combustível e lubrificantes), técnico e instrução sobre observação aérea, missões gerais e missões especiais, possuindo um modelo de fardamento próprio: um fato de voo fornecido pela FA com indicação do nome do piloto e da FAV respectiva. Em situações de emergência, aquelas unidades complementares eram alertadas pelas unidades dos sectores aéreos de cuja dependência se encontravam
Gradualmente durante o ano de 1963, foram sendo constituídas mais FAV’s, assim descriminadas:
FAV 302 JB – Destacamento de João Belo, dotada de pilotos do Aero Club de Gaza e dispondo de um avião Super Cub (CR-AGA).
FAV 303 – integrada na esquadra operacional do Aeródromo Base nº 5 (AB5) e envolvendo pessoal e material do Clube Aeronáutico do Niassa (Nampula), Aeroclube do Lumbo e Aeroclube de António Enes, dela fazendo inicialmente parte 11 pilotos, três aviões Piper Cub (CR-AEC, CR-ACE e CR-ABD) e um Piper Aztec B (CR-AHX), este ultimo abatido ao efectivo a 23 de Agosto de 1963, juntando-se-lhes em Junho desse ano um Piper Vagabond (CR-ADB).
FAV 304 – constituída no seio do Aeroclube de Cabo Delgado (Porto Amélia), integrada por 10 pilotos e por um Piper Tripacer (CR-AFK), um Piper Cub Special (CR-AGP) e um Cessna 172 (CR-AFG), abatido ao efectivo em Agosto de 1963.
FAV 305 – em Inhambane, integrada na esquadrilha operacional nº 801 (Lourenço Marques) envolvendo pessoal e material do Aeroclube de Inhambane. Era contituida por 3 pilotos, um avião Piper Vagabond (CR-ACU), um Piper Cub Special (CR-ADO), um Piper Comanche (CR-AGI) e finalmente um Chipmunk (CR-AEK), a ultima aeronave deste modelo a voar nos céus Moçambicanos.
FAV 306 – criada em Quelimane a 26 de Setembro de 1964, contava com 2 pilotos do Aeroclube da Zambézia e como meios aéreos dois Piper Cub (CR-ADQ e CR-AFD), um Super Cub (CR-AGV) e um Chipmunk (CR-AFE).
Algumas das FAV’s já constituídas denotavam contudo dificuldades no seu funcionamento, caso concreto das FAV’s 303 (Nampula) e 304 (Porto Amélia) adstritas ao AB5 em Nampula, antes da transferência desta unidade para Nacala.
A ampliação da rede das FAV’s, propicionada pela existência de um numero considerável de aeronaves de desporto e de turismo , propriedade dos aeroclubes, prosseguia em bom ritmo, registando-se no ano imediato a constituição de mais seis:
FAV 307 - em Vila Cabral, dispondo de um Auster (CR-AIO).
FAV 308 – em Tete com dois Auster (CR-AHV e CR-AIL).
FAV 309 – em João Belo (antigo destacamento da FAV 302 JB) e à qual estiveram atribuídos pelo menos o Super Cub (CR-AKA) e o Auster (CR-AIO), proveniente da FAV de Vila Cabral.
FAV 310 - em Vila Pery (antigo destacamento da FAV 301 VP), sendo os meios aéreos compostos por dois Auster (CR-AIO vindo de Vila Cabral e CR-AIR).
FAV 311- (antigo destacamento da FAV 303AE) em António Enes dispondo de um Piper Family Cruiser (CR-AEN).
FAV 312 – no Lumbo (antigo destacamento da FAV 303L) com um Auster (CR-AIK).
Um dia antes da inauguração da FAV de Quelimane. Moçambique confrontava-se com o conflito armado, após um ataque desferido na zona de Mueda.
Decreto 44.371 da Formação das FAV
Decreto 44.371 da Formação das FAV
Fotos colocadas de maneira aleatória.
Com o deflagrar da Guerra em Angola no mes de Março de 1961, muitos pilotos civis, associados dos aeroclubes locais, ultrapassando em muito os voos desportivos de rotina e arriscando as suas próprias vidas, colocaram-se de imediato ao serviço das populações indefesas e dos militares que combatiam no terreno.
Nasceu assim a “Esquadrilha dos Voluntários do Ar” (EVA), um pequeno passo ate à chegada do diploma legal que veio disciplinar a actuação daquela “milícia aérea”, através do seu enquadramento na Força Aérea Portuguesa e criar as “Formações Aéreas Voluntárias” (FAV’s). Destinadas à execução de missões aéreas complementares da acção militar, a sua relevante actuação fez-se sentir nas antigas Províncias Ultramarinas de Angola e Moçambique.
Instituídas pelo estado Português em Maio de 1962, as FAV’s surgiram no seio dos aeroclubes, operando com os meios aéreos e humanos destes, dando corpo à filosofia que esteve na sua génese: o aproveitamento de elementos civis devidamente habilitados, libertando os pilotos da Força Aérea quase exclusivamente para as missões de combate.
Os aeroclubes por seu lado, seriam também beneficiários dessa cooperação, através da experiência e ensinamentos colhidos pelos seus pilotos e seu posterior aproveitamento como instrutores.
As primeiras FAV’s em Moçambique
A escassez de meios que a Força Aérea dispunha em Moçambique foi um dos factores que fez apressar a constituição das Formações Aéreas Voluntárias naquele território. Em Junho de 1962, apenas um mes após a promulgação do Decreto-lei que criava a cobertura legal para aquelas organizações, o Aeroclube da Beira (ACB), presidido pelo Eng. Jorge Jardim, requereu a necessária autorização para criar uma FAV.
Na sequência daquela iniciativa, o ACB decidira empregar a verba inicialmente destinada à construção da nova sede na aquisição de aviões de instrução e observação. Também antigos pilotos voltaram a frequentar a escola de pilotagem, observação e navegação para a renovação das respectivas licenças.
Em Lourenço Marques, o Aeroclube de Moçambique (ACM), havia requerido igualmente a constituição de uma FAV e de um destacamento em João Belo (Xai-Xai), localidade considerada o berço da aviação civil em Moçambique.
É neste ambiente que, no mes de Outubro, são criadas as Formações Aéreas Voluntárias nºs 301 e 302, respectivamente na Beira e em Lourenço Marques, composta por pessoal navegante e pessoal terrestre de apoio, conforme descrito na Ordem de Serviço nº 86, de 27 de Outubro de 1962 do Comando da 3ª Região Aérea (COMRA3).
“Talvez pelo Eng. Jorge Jardim ser, na altura, um homem de grande influência em Moçambique e no seio do regime de Salazar, foi atribuída à FAV da Beira o numero 301...” refere Rui Novais Leite Monteiro, antigo piloto da FAV 302. A maior antiguidade e o facto de ter uma actividade superior (21 pilotos, num total de 30 formados no território em 1960, contra apenas 2 do ACB), legitimavam a primazia do ACM...
O Coronel Piloto Aviador João Mendes Quintela (primeiro comandante da base aérea nº 10 da Beira, entre Setembro de 1961 e Janeiro de 1962), seria nomeado para a chefia dos Serviços das FAV’s, acabando por ser um dos seus grandes impulsionadores. Tinha como adjunto o piloto civil Eduardo de Oliveira Lohmann (que fez parte do núcleo inicial de pilotos da FAV 302), o qual muitas vezes acompanhava como navegador as tripulações militares que se ocupavam do levantamento das infra estruturas da Força Aérea em Moçambique, aproveitando para tratar dos assuntos inerentes às FAV’s.
À semelhança do que acontecia em Angola, as FAV’s de Moçambique estavam na dependência doa comandantes das unidades aéreas do respectivo sector, recebendo apoio material (sobretudo combustível e lubrificantes), técnico e instrução sobre observação aérea, missões gerais e missões especiais, possuindo um modelo de fardamento próprio: um fato de voo fornecido pela FA com indicação do nome do piloto e da FAV respectiva. Em situações de emergência, aquelas unidades complementares eram alertadas pelas unidades dos sectores aéreos de cuja dependência se encontravam.
Entre as missões realizadas em Moçambique pelas FAV’s contavam-se as de observação, reconhecimento, apoio a exercícios militares, evacuação de feridos, busca e salvamento e, sobretudo, transporte de correio. Até ao surgimento das FAV’s, em muitas áreas o correio era transportado por estafetas, demorando cerca de um mes e mais e muitas vezes não chegava ao destino. O trabalho desses pilotos civis veio proporcionar a leitura de correspondência passada dois ou três dias após a sua expedição.
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