O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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Por motivos alheios algumas das imagens não abrem no tamanho original. Nesse caso podem selecionar “abrir imagem num novo separador” ou “Guardar imagem como…”.

10/05/09

596-Cte. António de Almeida Viegas






Foto tirada em Catulene. Moçambique Foto de Victor Cabral.















Natural de Oliveira do Hospital.
Nasceu a 22 de Agosto de 1940.
Iniciou a sua carreira aeronáutica como piloto agrícola na CAFUM (Companhia de Fumigações de Moçambique) corria o ano de 1966. Em 1968 é admitido na TAM (Transportes Aéreos de Moçambique) com base na Beira e pertencente a Jorge Guerra. Em 1973 ruma à STEIA (Sociedade Técnica de Equipamento Industrial e Agrícola) onde permanece até 1974, ano em que ingressa na DETA como copiloto de Fokker F-27 “Friendship”, onde permanece até 1977.
Voou posteriormente na Air Tanzania, Diamang, Sonangol, TAAG e Sonair, tendo-se reformado ao completar 60 anos de idade.
Faleceu a 5 de Maio de 2009 vítima de acidente rodoviário.

Artigo da revista do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil SPAC (CLicar)
a)Fotos cedidas pela sua filha Carla Viegas Alvim a quem agradecemos.

01/05/09

595-Uma homenagem ao Cte. Joaquim Maria Alberto Craveiro




Aviãoooo! Aviãoooo! Gritavam os soldados.
O sargento de dia mandava montar a segurança à pista, mas, mesmo que não estivesse montada, o avião, aquele avião, aterrava sempre sem mais demoras. Todos os aviões, ou melhor, todas as naves voadoras, que ali aterravam tinha personalidade própria. Era a Dornier da Força Aérea, franzina e acrobática, os mono e bimotores de vários construtores e modelos, os helicópteros Alouettes III e Pumas SA-330, façanhudos e nem sempre bem-vindos, um dos quais caiu a vinte metros do arame farpado com vinte homens dentro e foi inteirinho para a sucata e, finalmente, o fiel e desejado EMAC. Era assim que era conhecido o Islander tripulado pelo Sr. Craveiro, cavaleiro andante dos céus, figura inconfundível nos seus calções e meia alta, oficial e cavalheiro daquela nave. Não era um avião, era “a” EMAC!

Olá, bom dia Sr. Craveiro! Que tal tem corrido a viagem?
Bom dia! Cá estamos de novo! Tem estado a correr bem, obrigado!

Era assim, impreterivelmente, todas as quintas-feiras, entre as dez e meia e as onze da manhã, em Cantina Oliveira, em Tete, Moçambique. Fizesse calor ou frio, chovesse ou estivesse sol, era assim.

Sempre ao longo dos dois anos inteiros de comissão militar naquele fim de mundo, “a” EMAC, do Sr. Craveiro disse presente. Trazia especialmente correio e frescos, mas igualmente a companhia do Sr. Craveiro, que fazia o favor de se demorar nas instalações do quartel, barracos e abrigos, mais do que o tempo necessário para descarregar a carga que tivesse o quartel como destino.

Fazíamos questão de bem receber o Sr. Craveiro. O aquartelamento esteve várias vezes largos meses sem reabastecimento por via terrestre. Largos meses sem cerveja, sem batatas, sem muitos dos géneros essenciais considerados comuns. Contudo, para o Sr. Craveiro nunca faltou uma cerveja, um martini, umas tapas. E ele apreciava e sabia que o pouco que oferecíamos era para nós muito e o melhor que tínhamos.
Da sua figura esguia emanava uma suave leveza, uma singular incerteza entre estar e partir.

Trinta e cinco anos depois, este é o retrato que tenho gravado na minha memória do Senhor Craveiro, aliás Comandante Craveiro. Comandante dos céus, de um outro destino, de uma outra missão.

Um abraço, Comandante!

João Ramos

Nota:


Obrigada João Ramos pela sua iniciativa.


O Cte. Joaquim Craveiro merece esta e todas as homenagens que lhe fizerem. E tenho a promessa de colaborar com material para o blogue.


*** Fotos de 17.06.2007. Em mais aventuras pelo ar...pelos céus de Évora num planador com o sobrinho e tb piloto Rui Craveiro.

Fotos enviadas pelo sobrinho Luís Magalhães Rebelo.