O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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Por motivos alheios algumas das imagens não abrem no tamanho original. Nesse caso podem selecionar “abrir imagem num novo separador” ou “Guardar imagem como…”.

11/10/06

57-Cte. Luis Santos da Costa Branco homenageado em Tábua

O comandante Luís Santos da Costa Branco, o mais antigo piloto português de linha aérea ainda vivo, foi homenageado a 26 de Novembro de 2005 na sua terra natal, Vila Nova de Oliveirinha, em Tábua.
A homenagem ao que é considerado "uma referência viva da aviação civil" partiu de um grupo de pilotos que voaram com o comandante Luís Branco, tendo-se associado à iniciativa a Junta de Freguesia de Vila Nova de Oliveirinha, a Câmara de Tábua e a Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA).
O tributo compreendeu o descerramento de uma lápide na residência do piloto, a entrega de um presente da APPLA e um almoço a que foram chamados a juntar-se os amigos e colegas de profissão.
Nascido a 25 de Outubro de 1917 em Vila Nova de Oliveirinha, Luís Branco é considerado "um pioneiro nos transportes aéreos portugueses", sendo um dos mais antigos pilotos da primeira transportadora de linha aérea nacional, que foi a DETA (hoje Linhas Aéreas de Moçambique).
Teve em 1933 o seu baptismo de Voo com o Capitão Piloto Aviador João Luís de Moura. Foi admitido como praticante de escritório nos Caminhos de Ferro de Moçambique a 13 de Maio de 1936. A 6 de Maio desse ano iniciou a instrução de voo no Aero Clube de Moçambique tendo como instrutor Jimmy Childs, piloto Sul Africano que combateu na 1ª Grande Guerra. Efectuou o seu primeiro voo a solo a 2 de Junho de 1936 e foi nomeado Aluno Piloto Aviador da DETA. Em 28 de Outubro de 1937 iniciou o curso de qualificação para Piloto de Aviões de Transporte Publico. Em 1939/1940 frequentou o curso de Radiotelegrafista de Aeronaves na Escola Telégrafo-postal dos CTT, recebendo o respectivo certificado do Serviço de Aeronáutica Civil (SAC) em 15 de Julho de 1940, tendo ingressado nas carreiras aéreas da DETA. Posteriormente efectuou cursos em Inglaterra, Holanda e Estados Unidos, nomeadamente cursos de qualificação em Fokker Friendship F27 e Boeing 737. Voou Hornet Moth, Dragonfly, Dragon Rapide, Junkers 52, Lockheed Electra e Lodestar, Dakota, Friendship e Boeing 737. Foi durante vários anos instrutor, verificador e Piloto Chefe da DETA. Completou 33.800 horas de voo no total, tendo muitas delas sido realizadas quando ainda não existiam as mínimas condições de apoio à navegação, uma vez que se iniciava em todo o mundo o hoje cómodo e seguro transporte aéreo"
Além de ter representado a antiga DETA em várias reuniões e eventos internacionais e de ter transportado diversas persolidades, participou na elaboração da primeira legislação nacional sobre tempos de voo e repouso dos tripulantes de voo.
Oficial da Ordem Militar de Cristo e Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique, possui ainda vários louvores, destacando-se um atribuído em 1953 por ter evitado "um acidente de graves consequências ao comando do avião bimotor Lockheed-14, com um dos motores a arder e outro a falhar".
O comandante Luís Santos da Costa Branco cumpriu o seu último voo em Moçambique, aos comandos do avião Boeing- 737, no dia 22 de Maio de 1976, numa carreira regular Lourenço Marques - Joanesburgo - Lourenço Marques.
Faleceu a 22/01/2010
A Aviação em Moçambique muito ficou a dever ao Cte. Luís Branco pelo grande labor, empenhamento, esforço e entusiasmo. Para as novas gerações de pilotos foi sempre um marco e uma referência.

3 comentários:

Anónimo disse...

A "família" DETA Linhas Aéreas de Moçambique, deve ao Comandante Luís da Costa Branco toda a sua gratidão, pelo valor acrescido que deu a Moçambique e à Companhia Aérea que tanto soube dignificar. À geração que lhe deu continuidade, LAM - formulamos votos para que continuem a honrar a memória deste pioneiro da Aviação Civil.

Anónimo disse...

HOMENAGEM AO COMANDANTE BRANCO
(Sua esposa Celeste da Costa Branco)

Uma pequena e singela Homenagem ao grande Senhor que eu tenho a honra de ser sua mulher, o Comandante Luis Santos da Costa Branco.
Tenho tido na internet (Voando em Moçambique), muitos e lindos comentários de seus amigos e colaboradores de profissão, acerca do meu marido e assim sendo, penso que não seria bonito da minha parte, me remeter ao silêncio. Neste momento e muito comovida, como aliás assim tem vindo a ser há muito tempo, antes e depois... principalmente nestes últimos meses do seu desaparecimento físico. Mas o meu saudoso marido, está e estará sempre em espírito, não só comigo, mas com todos vós grandes amigos e colegas da aviação e não só, onde quer que se encontrem, em Portugal ou onde quer que seja, algures no planeta... Um beijo muito Amigo e caloroso, para todos vós e também muito Moçambicano, o meu bem hajam por todo o vosso carinho, todos nós sempre unidos ao nosso Comandante Branco.

Vila Nova de Oliveirinha - Tábua
03 de Novembro de 2010

Celeste da Costa Branco

José Vilhena disse...

Agradecemos humildemente a sentida homenagem da Sra. Dona Celeste da Costa Branco à memória do seu marido, o “Grande Senhor” que foi o Comandante Luís Santos da Costa Branco.
O Voando em Moçambique mais não fez do que juntar a sua voz à de todos os muitos amigos que o “Velho Comandante” por cá deixou. Os que com ele tiveram o privilégio de voar e todos os outros que aprenderam a respeitá-lo pelo que significou para a Aviação em Moçambique, saberão de certo perpetuar a sua memória.
O prémio Carlos Bleck é disso a prova, pena que a merecida e tardia homenagem não tenha permitido que pudéssemos contar já com a sua presença.
A sua obra fala por si e as gerações futuras de certo saberão honrá-la.
Obrigado Sra. Dona Celeste pelas suas palavras, certamente imerecidas no que toca ao Voando em Moçambique.
Mais não fizemos do que a nossa obrigação nos ditava…
José Vilhena