O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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Por motivos alheios algumas das imagens não abrem no tamanho original. Nesse caso podem selecionar “abrir imagem num novo separador” ou “Guardar imagem como…”.

08/11/06

132-Dakota abatido em Nacatári em 1974

Tipo e Modelo:Dakota C-47A C/n: 19393 / 42-100930
Matrículas: FAP 6175 , ex: CS-TDA (TAP) e CR-AGD (DETA).
A História do Dakota contada por Francisco Loureiro.
Como prometido, envio a foto do referido avião.
O "cavalheiro" sou eu próprio, em meados de 1974. De salientar que estou com um pé dentro do orifício aberto pelo míssil na fuselagem, o que é revelador do impacto do projéctil.
Sobre a descrição dos factos tenho a dizer o seguinte:
- Naquele dia estava de Piquete, e uma das tarefas que nos era destinada consistia na protecção aos aviões que nos visitavam. Dessa vez, quando atravessei a pista e subia o ressalto feito aquando das terraplanagens, verifiquei que o avião que se preparava para aterrar era de dimensões anormais. Houve comentários de que talvez se destinasse ao nosso regresso (sonhadores!).
Da pista ao arame farpado, onde nos colocávamos, distariam cerca de 20 metros, e quando o mesmo passou pelo local tivemos todos de nos atirar ao chão para evitar sermos "limpos", porque a pista não tinha largura suficiente para tal envergadura. Ao verificar que a pista ia acabar, o piloto decidiu guinar bruscamente para a esquerda, e ao fazê-lo, bateu com a asa direita no chão, tendo esta servido de alavanca para levantar a aeronave e atirá-la para fora da pista do lado esquerdo. De lá saíram, espavoridos mas ilesos, cerca de 20 militares de alta patente dos três ramos das nossas forças armadas, e logo de seguida chegaram os helicópteros, nomeadamente o "Puma", para os recolher.
Deixo aqui a minha homenagem ao piloto que, só com um motor, conseguiu uma aterragem quase perfeita evitando perdas humanas.
Naturalmente que tivemos serviço extra de protecção ao novo "inquilino", até que a Força Aérea desmontasse o que entendeu, sendo as fotos tiradas quando a carcaça já estava recolhida no interior do quartel.
Foto e texto de Francisco Loureiro. O meu Obrigado.
Destruído a 6-5-74, em Nacatári (Moçambique), à aterragem, após ser atingido por míssil “strella”.
Esta informação foi dada pelo Cte. Vilhena, autêntica enciclopédia aeronáutica. Ontem encontrei esta foto num dos sites com fotos dos nossos soldados que estiveram no Norte de Moçambique, durante a Guerra Colonial.

Editado em Novembro 2007

4 comentários:

JOAQUIM disse...

EU TAMBEM ESTAVA EM NANCATARI NESSE DIA E PERTENCIA Á COMPANHIA DO LOUREIRO.
REPAREI QUE O DAKOTA SOBREVOAVA O NOSSO AQUARTELAMENTO MUITO BAIXO E COM UM RUIDO ENSUDERCEDOR E FEZ-SE Á PISTA.
QUANDO JÁ NÃO HAVIA MAIS PISTA O PILOTO VENDO QUE JÁ NÃO TINHA ESPAÇO SUFICIENTE PORQUE ACABAVA A NOSSA PISTA QUE ERA SÓ PARA( DÓS E HELIS) PORQUE A SEGUIR ERA UM GRANDE VALE MITEDA?? O PILOTO FEZ UMA GRANDE MANOBRA QUE EQUIVALE A UM GRANDE PIÃO EM AUTOMÓVEL E CONSEGUIU ATERRAR EM SEGURANÇA E SALVAR TODOS OS OCUPANTES.
QUANDO A PORTA SE ABRIU SÓ VI DE LÁ SAIR MUITOS VIPS FARDADOS E SÓ VIA ESTRELAS NOS OMBROS.
DEPOIS DE ALGUM APARATO VI MUITOS VIPS A CHORAR E A ABRAÇAR O PILOTO, POR ESTE TER-LHES SALVO A VIDA.
AGORA O QUE MAIS ME IMPRESSIONOU FOI A GRANDE HIPOCRISIA QUE ASSISTI EM TODA A MINHA VIDA, FOI QUE DEPOIS DE NÓS GRADUADOS OFERECERMOS AS NOSSAS FLATS AOS VIPS PARA ELES PODEREM PASSAR ESSA NOITE EM MELHORES CONDIÇOES, PASSADO MUITO POUCO TEMPO E DEPOIS DE UMA COMUNICAÇÃO PARA O COMANDO DE SECTOR MUEDA OS HELIS SOBREVOARAM MANCATARI DEPOIS DA HORA MACONDE DE LUZES ACESAS E ATERRARAM PARA EVAQUAR OS VIPS.
FOI COM BASTANTE DIFICULDADE QUE NÓS ALGUNS GRADUADOS CONSEGUIMOS CONTER OS ÁNIMOS,POIS OS NOSSOS SOLDADOS ESTAVAM MESMO DISPOSTOS A UTILIZAR AS ARMAS PARA IMPEDIREM A ATERRAGEM DOS HELIS,POIS SABIAM QUE DEPOIS DA HORA MACONDE SE QUALQUER DE NÓS PRECISASSE DE SER EVACUADO OS HELIS NEM SEQUER LEVANTAVAM VÔO,FELIZMENTE QUE IMPEROU O BOM SENSO E FOI FEITA A "EVACUAÇÃO ZERO HORAS".
QUANTO AO QUE SE PASSOU DEPOIS DO ABATE DO DAKOTA DOS DESTINOS DO AVIÃO EU POSSO FALAR MAIS TARDE SE ESTIVEREM INTERESSADOS.
AGRADEÇO O FACTO QUE PASSADOS TANTOS ANOS CONSEGUI VER EM FOTOGRAFIA O MEU AMIGO LOUREIRO.
FURRIEL MILICIANO DIAS CCAÇ4153
NºMECANOGRÁFICO 002805/73

Francisco Loureiro disse...

Ficaria muito agradecido, se fosse possível fornecerem o meu endereço de mail ao furriel Dias, ou como posso contacta-lo.
francisco.gml@gmail.com

Antecipadamente grato
Francisco Loureiro

Luisa Hingá disse...

Francisco gostava de lhe ser útil mas o Furriel Dias não eixou e-mail.
Ao dispo.
Luísa

Augusto Rodrigues disse...

Tenho uma recordação ligada a este acidente. Estava eu em Nampula no entāo comando da região aérea um dos tripulantes cabo especialista de que já não me recordo o nome tendo (embora sob proibição do comando) estado a relatar-nos o sucedido sob grande tensão e ao sairmos do clube de especialistas, o barista "Vidas" ao bater a porta com alguma violência para a fechar, fez com que o referido tripulante se atirasse de imediato ao chão pois que o bater a porta lhe deu sensação de explosão.