O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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21/10/10

711 - Maria do Carmo Jardim


Nasceu em Lisboa a 13 de Dezembro de 1952 e cedo se radicou em Moçambique, onde o seu pai o Eng. Jorge Jardim era um conhecido empresário e durante muitos anos Presidente do Aero Clube da Beira.
Com 17 anos obteve a sua licença de piloto particular de aeroplanos neste Aero Clube, voando em Cessna 150, recebendo posteriormente instrução em bimotor Cessna 310 no Rand Flight Center em Joanesburgo, com vista à obtenção da licença de piloto comercial que não viria a concretizar. No total averbou cerca de 400 horas de voo.
Foi contudo a sua actividade de pára-quedista que a tornou conhecida, tendo efectuado o seu 1º salto a 6 de Dezembro de 1969, não tinha ainda completado os 17 anos, idade mínima para a prática da modalidade, incluída num curso da Mocidade Portuguesa que teve lugar na cidade da Beira. Após 33 saltos automáticos efectua o seu primeiro salto em queda livre em 1970.
França, no Centro La Ferté fez o curso de queda livre, de instrutora e de competição. Com centenas de saltos na sua caderneta, participou no 2º Campeonato Nacional de Pára-quedismo em Luanda (1972) com a sua irmã Maria Antónia, tornando-se na campeã nacional da modalidade neste ano, facto que já tinha acontecido em 1970 e 1971. Em 1972 conquista o prémio “Audace”, prémio atribuído pela Chanel às mulheres mais audaciosas em todo o mundo nas várias actividades desportivas que praticavam.
Foi instrutora dos Grupo Especiais de Pára-quedistas (GEP) em Moçambique, tropas locais totalmente formadas por elementos negros, recordista nacional de queda livre à época, com um palmarés de 996 saltos no total.
A 14 de Abril de 1979, no decurso do 1º Encontro Aeronáutico da Páscoa em Tires, sofreu um espectacular acidente quando durante um salto de queda livre chocou com outra pára-quedista, Elvira Mendes, provocando o posterior enganchamento dos pára-quedas.
Após este percalço que lhe valeu três dias de internamento hospitalar, abandonou definitivamente a actividade.

Carmo Jardim foi uma das primeiras mulheres que tiraram a licença de Piloto Aviador e também uma das primeiras páraquedistas, em Moçambique, onde nasceu. Num e-mail que me mandou acerca deste artigo, diz:


"A primeira mulher portuguesa a saltar em Moçambique, salto automático, foi a minha irmã Patusha seguida da minha irmã Kanysha, ambas do primeiro curso civil realizado em Moçambique, nomeadamente na Beira com total apoio dos pára-quedistas militares (B.C.P.31) e da Base Aérea 10.
O meu Pai - Eng. Jorge Jardim - como sabe foi o primeiro pára-quedista civil em Moçambique e esse curso teve mais 3 elementos da minha família, por idades, Patusha, Carlos Frederico e Kanysha. Mais tarde teve lugar o segundo curso do qual fez parte a minha irmã Xenica.
A 6 de Dezembro de 1969 saltei eu, entre 50, incluída num curso da Mocidade portuguesa. Em 1970 e depois de ter dado 33 saltos automáticos, dei o meu primeiro salto em queda-livre e por aí fora...até 996 saltos em queda-livre...e um choque no ar, antecipou a paragem desta modalidade desportiva na minha vida!"





Artigo copiado da Revista dos Combatentes, pelo seu interesse. Clicar nas imagens para aumentar o tamanho.

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