O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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28/03/07

263-Histórias verdadeiras, por Cte. Nogueira




Tradução...

1 - AS CALÇAS DO ZÉ....( l944 ? )

Num dos dias em que as temperaturas em L.M. ultrapassavam os 30º C e talvez por me encontrar de "Serviço de Pista", como era designado o piloto de reserva para todo o serviço, encontrava-me no Aeroporto quando vejo surgir ainda meio ensonado, após a usual sesta, eram cerca das 15h o chefe da DETA, acompanhado da mulher, que dirigindo-se a mim com um papel na mão me pergunta:

A que horas chega o avião de Quelimane ?

Dentro de uma hora, respondi.

Sorrindo-se, mostra-me o papel de que era portador. Um telegrama com o seguinte testo:

" Quando tomava banho em Quelimane roubaram-me as calças, sigo sem elas"

Pires do Vale

O sorriso que anteriormente exibia tornou-se em gargalhada dos três. Como vem ele ? perguntava a Mrs. Pinho da Cunha no seu português arrevesado de sotaque britânico.

- I dont' know - respondi eu, respondendo em inglês para ser amável para com a Senhora.

Quando se aproximava a hora da chegada do avião, dirigimo-nos para a varanda da velha Estação Aérea do Aeroporto de Mavalane, junto à qual estacionavam os aviões chegados ou a partir.

"Suspence" - O avião chega. Rola. Chega junto à estação. O Zé P. V. mira em redor. Vê-nos na varanda aguardando a sua chegada. Na sua característica maneira de rir, abre a boca até às orelhas. Está vendo o efeito do telegrama.

Saem os passageiros. O Zé demora a saída, explorando ao máximo o efeito do telegrama. Quando aparece fora da cabine!..... -Oh...afinal vem vestido....exclama Mrs Pinho da Cunha. Sim... vinha de calções "shorts" em vez das calças do fardamento.

Soube-se depois: o João Maria, quando passou em Quelimane, sabendo que o Zé que tinha seguido para o Norte, infringindo os regulamentos, havia trocado as calças do fardamento por uns calções, escondendo-lhe as mesmas para mais tarde ver o efeito que o caso produziria. Aliás, o João Maria também algumas vezes, alterava a sua indumentária...... ( A. Nogueira )



Espólio do Cte. Álvaro Nogueira.
"Descodificação de texto": Elisabete Brás e Cte. Vilhena.

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