O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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09/03/08

439 - Acidente com o CR-AGE, do GPZ

Ver artigos 112 433 e 788 sobre o GPZ
CR-AGE
Tipo – Helicóptero Bell – AB 47G2
Matricula - CR-AGE
Operador - GPZ.
S/N-245
Equipado com Motor VO-435 A1D e PÁS de madeira PARSONS S/N-P10863 e P10864 no Rotor principal.
Piloto - ANTÓNIO SILGADO DIAS TEIXEIRA
Mecânico - JOSÉ DA GUIA GONÇALVES.


O Acidente
200 Metros (SUL) da cabeceira da pista do Aeródromo Civil de TETE. Ano 1971. Naquela manhã, tínhamos terminado uma inspecção de manutenção, e era necessário o respectivo voo de experiência. O helicóptero descolou do "heliporto" junto ao hangar (GPZ), e dirige-se em voo lento (pairado) junto ao solo (2/3 metros) de altura para a cabeceira Sul da pista. Gira lentamente para a direita e para a esquerda, em voo estacionário para "checar" o rotor de cauda. Findos os testes aos controlos de voo, inicia o voo para Sul a baixa altitude" bem inclinado para a frente" para adquirir velocidade. Percorridos cerca de 200 metros o Rotor principal COLIDE com os "fios" eléctricos que atravessam o vale, danificando e partindo a ponta de uma das PÁS e "DOBRANDO" para baixo a barra de aço do bordo de ataque da mesma. O " PUXÃO" repentino (INSTINTIVO) no Cíclico (Manche) E INEVITÁVEL e de tal modo violento, que o rotor inclina para trás bruscamente e a "barra exposta " da PÁ danificada atinge a ESTRUTURA de cauda (Fuselagem) decepando-a. OCORREU NUMA FRACÇÃO DE SEGUNDO. Dá-se o impacto no solo seguido imediatamente do incêndio do combustível que e projectado para a cabine, já sem a protecção da cobertura (BOLHA DE PLEXIGLASS) destruída no impacto. O TEIXEIRA sai rapidamente do helicóptero em chamas praticamente ILESO, mas já a salvo apercebe-se que o GONÇALVES, envolto pelas chamas, esta PETRIFICADO dentro daquele inferno. Num gesto próprio dos GRANDES HOMENS, avança para as chamas, e sofrendo horríveis queimaduras em ambas as mãos e braços liberta o GONÇALVES dos cintos de segurança e arrasta-o para longe da morte que se adivinhava. NOTA: Neste modelo de helicóptero, os tanques de combustível (metálicos) são fixos, imediatamente atrás da cabine (Um de cada lado da caixa de transmissão principal, acima do motor e um pouco acima do nível da cabeça dos ocupantes). Tive conhecimento esta semana que o TEIXEIRA já nos DEIXOU FISICAMENTE há cerca de um ano. Não posso deixar de sentir um pesar enorme pela partida de mais um AMIGO, e EX. COMPANHEIRO de trabalho deixando-lhe esta pequena Homenagem de RESPEITO, AO GRANDE HOMEM que SEMPRE FOI tanto no TRATO DIÁRIO, na CAMARADAGEM, NO BRIO e DIGNIDADE PROFISSIONAL QUE a TUA ALMA ENCONTRE A PAZ SOBEJAMENTE MERECIDA.
José Pascoa

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