O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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18/10/07

371- DETA - Os primeiros passos de uma grande Companhia1

Resposta do Cte. Vilhena à Revista Mais Alto. Ver artigo 370.

"Mais um excelente artigo sobre a História da nossa Aviação Comercial contemporânea, desta vez brindando aquela que foi uma das pioneiras no nosso País, a terceira a operar em Portugal após o aparecimento dos SAP e da Aeroportuguesa (muito antes dos TAP), e a segunda em todo o continente Africano.

A DETA - Divisão de Exploração de Transportes Aéreos, foi sem sombra de dúvida e sem qualquer desprimor para as demais “Uma Grande Companhia”.

Bem-haja Dr. José Manuel Correia por mais este contributo.

Não posso contudo deixar de alertar para algumas imprecisões, que a meu ver não coincidem com a veracidade dos factos.

A DETA teve a sua primeira designação como Divisão de Exploração de Transportes Aéreos e não Direcção de Exploração de Transportes Aéreos como afirma e bem no título principal do artigo, e menos bem no preâmbulo do mesmo.

A DETA dependia organicamente e funcionava como uma Divisão da Direcção dos Portos Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique, possuindo cinco Serviços na sua dependência.

Só muitos anos mais tarde a sua designação foi alterada de Divisão para Direcção, após ter sido separada da Direcção que lhe tinha dado origem.

A sua criação foi a 26 de Agosto de 1936, (não em 1935), por via do Diploma Legislativo n.º 521, publicado nessa data no Boletim Oficial n.º 34 - 1ª série da Colónia de Moçambique, com a assinatura do Governador Geral interino em exercício José Nunes de Oliveira. Não devemos contudo deixar de mencionar o facto de ter sido o Governador-geral Coronel José Cabral, o obreiro de todo o trabalho de apoio a nível do Governo da Colónia.

Manuel Maria Rocha é sem sombra de dúvida o primeiro e um dos grandes impulsionadores da DETA, assim como Daniel (Dan) Rabeck, o piloto nascido na Látvia e que foi inicialmente contratado pela De Havilland para efectuar o voo “ferry” do primeiro Dragon Rapid comprado pela DETA, das suas instalações em Baragwanath na Àfrica do Sul onde tinha sido montado.

Certamente muitos outros pioneiros fizeram parte da verdadeira história desta companhia aérea, atrevendo-me a salientar entre os que participaram na sua fundação, o mecânico Joaquim Antunes da Costa e o Engº Aeronáutico Carregal Ferreira contratado a 23 de Outubro de 1937 para ocupar o lugar de chefe do material e oficinas.

Na sua fundação a DETA tinha nos seus quadros: 1 Engenheiro chefe de divisão, 1 Piloto, 1 Ajudante de guarda-livros, 1 Ajudante de escritório, 1 Mecânico, 1 Praticante de estação e 1 Fiel de depósito.

Ao mencionar e bem o malogrado Francisco Assis Camilo Pinto Teixeira, filho do então director geral da companhia, outros pioneiros não deverão ser esquecidos, como os pilotos Gabriel da Visitação Zoio, Carlos Borges Delgado Júnior, José Maria Pires do Vale, Amaral Ferreira, Álvaro Nogueira, Flávio de Carvalho, João Maria Carregal Ferreira, Luís Santos da Costa Branco, Miguel Faria Peixoto, os mecânicos/rádio telegrafistas Albino Duarte Lopes, José Monteiro Júnior, José Amado Neves, Francisco Ernesto Barroso, Virgílio Peixoto, Francisco Emanuel Leite Fragoso e tantos outros que ajudaram a construir o que foi e ainda é a grande Companhia Aérea Moçambicana.

Faz este mês 90 anos, aquele que foi um dos decanos da DETA, durante vários anos seu Instrutor, Verificador e Piloto Chefe. A Aviação em Moçambique muito ficou a dever ao Comandante Luís Santos da Costa Branco, pelo grande labor, empenhamento, esforço e entusiasmo. Para as novas gerações de pilotos foi sempre um marco e uma referência.

José Vilhena

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