O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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Por motivos alheios algumas das imagens não abrem no tamanho original. Nesse caso podem selecionar “abrir imagem num novo separador” ou “Guardar imagem como…”.

19/09/06

9-Aero Clube da Beira

Por Victor Cabral.
Aeródromo Pais Ramos
Quem se lembra e quem tem fotografias do Aero clube e da “Torre de Controle” deste campo de aviação?


O Avião que se vê aqui, é um TIGER MOTH, desenhado pelo britânico Geoffrey de Havilland. Baptizou-o com este nome porque este senhor coleccionava borboletas e “polilhas” (moths). Foi um avião de treino das forças aéreas, incluindo a de Portugal

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Fernando Loja
Cartão de identidade de sócio do ACB

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Fernando Loja e Fátima Brites, que era simultâneamente locutora na Emissora do Aero Clube da Beira. (Inf. Carlos Brites, a quem agradeço.)


Especificações:

* Peso máximo: 1.825 libras
* Motor: De Havilland de 120 cavalos.
* Performance: 104 mph/90 Knots
* Velocidade de cruzeiro: 90 mph/ 78 knots
* Tecto máximo: 14.000 pés
* Autonomia: 300 milhas.
* Ano de construção: 1932

No AERO CLUB DA BEIRA havia dois destes tipos de avião.

Foram pilotados por todos os sócios do club, nos anos 50 e 60’s.

Os aviões estavam pintados de vermelho vivo e tinham as asas prateadas.

Lembram-se quando o Mario Gouveia, levou um coronel da Força Aérea da Rhodesia a dar uma volta, e o senhor nâo estava bem amarrado e caiu do avião e foi cair na fabrica de tijolo que havia atrás do Dondo?

Gostaria de saber se as carcaças de estes aviões ainda existem na Beira, seria fantástico reconstruí-los. Tenho uns amigos que se dedicam a isso como hobby.

Bom… Amigos vou ver se encontro outros aviões do Aero Club da Beira, para matar saudades, ou para avivá-las.

CHIPMUNK

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CR-AEE Foto de Fernando Loja

No Aero Club tínhamos somente um CHIPMUNK. Era azul e branco. Quem se lembra de voar nele? Lembro-me que ia com o Mário Gouveia para cima dos tandos do Buzi, onde ninguém nos visse, para fazer acrobacia.

Era fantástico, mas algumas vezes ao fazer o “looping,” alguns parafusos das placas do chão, saiam disparadas e batiam nos vidros.

Este avião foi fabricado por de Havilland para substituir os Tiger Moth. Fabricou-se no Canadá, antes de ser adoptado pela RAF como primeiro avião de treino.

No princípio do ano 1950, entregaram-se os primeiros para treino da Universidade dos Esquadres do Ar (University Air Squadrons).

De Havilland “Chipmunk” WP 962 voou pela 1ª. vez no dia 22 de Maio 1946. Fabricaram-se 200 aviões no Canadá até 1956. A companhia de Havilland fabricou 66 em Portugal.

Especificações:

* Peso em vazio 646 Kgs
* Peso maximo-953 Kgs
* Velocidade de cruzeiro-191 km/h
* Máxima velocidade 222 Kms/h
* Altitude máxima 5.200 metros
* Autonomia 445 Kms
* Motor de Havilland 145 cavalos.

Quem terá uma fotografia do “nosso”, do Aero Clube? Sabem que foi feito dele? Boas recordações.


Depois de ter falado sobre os Tiger Moth e Chipmunk, agora tocou a vez a um dos outros aviões que tínhamos no Aero Clube.

O PIPER COLT

Fabricado pela Companhia Piper, de Lock Haven, Pennsilvania, este é um dos aviões pequenos para treino.

O que tínhamos no Aero Clube da Beira, apareceu no Club no ano de 1960/61 Tinha a cor creme e tinha uma lista azul (creio). Era parecido ao outro avião de 4 lugares que, tambem, tínhamos o Piper Tripacer.

É um avião de asa alta e o mais simples que havia no que respeitava a instrumentos. O painel dos controles tinha o essencial para aprender a voar.

Destes aviões ainda hoje há muitos a voar e em boas condições.

Especificações do Piper Colt:

* Motor de 108 cavalos
* Velocidade máxima -104 Kts
* Velocidade de cruzeiro 94 kts
* Velocidade de perdida (stall) – 47 kts
* Peso máximo 1650 lbs
* Peso vazio-940 libras
* Capacidade de combustível-36 galões
* Autonomia 415 milhas náuticos
* Altura máximas 12.000 pés.

Era um bom avião o que tínhamos no Aero clube. Fizemos algumas viagens nele. Que será feito destes aviões?


Taylorcraft
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CR-ACA

Não me podia esquecer, do avião onde mais voaram os velhos pilotos do Aero Club da Beira. Este avião era o TAYLORCRAFT. Fizeram-se vários modelos deste avião, mas os mais conhecidos foram o modelo B e B12. Estavam equipados com um motor Lycoming ou Continental de 65 H.P.

A Companhia que começou a fazê-los foi a Taylorcraft Bross Aircraft Company em Bradford Pennsilvania fundada em 1931, que os começou a fabricar cerca de 1936. Em 1937 esta fábrica ardeu e tiveram que mudar-se de cidade. Tambem se estabeleceram em Inglaterra onde fabricaram muitos destes aviões. Em 1968, deixou de fabricar-se este avião e a fábrica em Inglaterra começou a fabricar os AUSTERS, que vieram substituir o Taylorcraft, mas desta vez com um motor Lycoming de 125 H.P. Nos Estados Unidos há vários clubes que fazem rallys aéreos com os Taylorcraft reconstruídos que são uma maravilha. É bonito vê-los no ar em formaçâo, como os vi em Dallas no ano de 1989, que assisti ao festival aéreo. É sempre um prazer, ver aviões que com mais de 60 anos, continuam a voar, depois de que gente que ama estes pequenos aviões, os reconstrói. A ver se alguem tem alguma fotografia dos dois que existiam no Aero Club da Beira, para por nesta pagina.

Pilotos do ACB, junto ao avião Piper Apache-PA23, de Jorge Jardim.

Da esquerda para a direita.
Em pé: Mário Gouveia Homem, piloto do Eng. Jorge Jardim, Lutz, Francisco Moiteira, Lomba Viana, Eng. Jorge Jardim, Rocha Paciência, Carlos Silva. De cócoras ?????

Inf. de António Corte Real

Fotos colocadas por António Lourenço e Fernando Loja aqui

Nota: Em todos as mensagens tento deixar o cunho pessoal de quem as escreveu.
L.Hingá

5 comentários:

Chamuar disse...

Boa noite
vivemos na Beira e gostávamos também de obter informações sobre como está actualmente o Aeroclube da Beira.
Quem tiver alguma informação contacte-nos por favor: estudioartes@hotmail.com

um abraço
António

Anónimo disse...

A piloto aviadora, de pé, junto ao Tiger onde está também o Loja é a Fátima Brites que era simultâneamente locutara na Emissora do Aero Clube da Beira
Um abraço e parabéns pelo v/magnifico trabalho sobre esta matéria
Carlos Brites

Luisa Hingá disse...

Carlos Brites muito obrigada. Já completei. Se tiver mais dados, conte comigo.
Luísa Hingá

Ângelo Miguel Cunha disse...

Bom dia,

Sou filho de um antigo piloto do Aeroclube da Beira, seu nome Manuel Ângelo Pereira da Cunha, que se não me falham as contas deverá ter voado pelo clube nos anos 60.
Ainda hoje me conta história fantásticas de voos do tripacer, piper colt, os taylorcraft e também o apache e o twin comanche e das loucuras que se cometiam na época hehe
Um grande bem haja, deste filho de piloto que (infelizmente) não sabe porque cantam os pássaros, a todos os pilotos e camaradas que participaram na história da aviação moçambicana e o meu muito obrigado por manterem vivas as memórias desta grande época.

Abraços
Ângelo Cunha

Luisa Hingá disse...

Muito obrigada pelos seus comentários.
Luísa Hingá