O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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Por motivos alheios algumas das imagens não abrem no tamanho original. Nesse caso podem selecionar “abrir imagem num novo separador” ou “Guardar imagem como…”.

25/10/15

907 - Aerofilatelia em Moçambique (1ª parte). Fotos e texto de Altino Silva Pinto

Pioneiros da aviação e aerofilatelia em Moçambique

I
Introdução

O objectivo deste artigo é fazer uma compilação, a mais exaustiva e completa quanto me for possível, dos eventos que constituem os primórdios no território de Moçambique do transporte aéreo de correio (cujo estudo constitui a aerofilatelia), com especial enfoque nos aviadores pioneiros, extraordinários aventureiros, verdadeiros “gloriosos malucos das máquinas voadoras”, nesta remota época da aviação, e ilustrá-lo com algumas das muito escassas peças filatélicas correlacionadas que conheço.
Baseei-me em dois pilares, sobre os quais desenvolvi o tema: por um lado, a investigação histórica desenvolvida sobre a evolução da aviação em Moçambique, em especial dos seus protagonistas; e, por outro, a correspondente existência ou não de “rasto” filatélico desses acontecimentos, entendendo-se por “rasto” filatélico qualquer tipo de elemento filatélico (carta circulada na data correcta do 1º voo, carimbo ou marca alusiva, ou até mesmo anotação manuscrita do evento) que esteja referenciado em publicações especializadas ou de que tenha conhecimento através de peças da minha colecção e de outras que tive oportunidade de observar.
Concentrar-se-á o presente artigo nas três primeiras décadas do Século XX, mais concretamente entre a data do primeiro voo em Moçambique por esses pioneiros e o voo daquele que considero ser o ultimo aviador imbuído desse espirito aventureiro dos primórdios da aviação - o Rodesiano “Pat” Judson –, visto que a partir de 1931/1932 assiste-se ao desenvolvimento de Companhias Aéreas na África Austral e principalmente de várias carreiras aéreas de e para esta zona do Globo, como foi o caso, entre outras, da Imperial Airways.
As peças transportadas nessas carreiras aéreas após 1931, mesmo fazendo parte da correspondência expedida ou recebida, especificamente, de e para Moçambique, não serão abordadas neste artigo.
Com efeito, a preponderância e a consequente evolução, constante e intensa, do Serviço Aeropostal foi dando lugar a uma quantidade exponencialmente crescente e variada de cartas transportadas, muitas delas a incluir no âmbito da Aerofilatelia, entendida como a história postal do correio aéreo.
Neste estudo, que poderá ser considerada uma primeira parte, privilegiei os “aviadores pioneiros” e os primeiros anos do serviço aeropostal, abrindo a possibilidade de uma futura actualização, até 1975, dos voos e respectivas marcas, sabendo-se como é bastante rica a Aerofilatelia Moçambicana.


II
Abeillard Gomes da Silva

É seguramente desconhecido para a grande maioria dos Filatelistas, mesmo os que se dedicam ao correio aéreo, mas também do público em geral, que o primeiro aviador em Moçambique foi Abeillard Gomes da Silva. 
  Figura 1 – O aeroplano “Gomes da Silva” e medalhão com a foto de Abeillard Gomes da Silva.

Abeillard Gomes da Silva embarcou para a Beira em Moçambique, a 21 de Março de 1902, e foi contratado primeiramente como auxiliar dos Correios da Companhia de Moçambique, tendo só mais tarde transitado para a Alfandega da Companhia de Moçambique.
Estudioso, culto, inteligente e autodidacta, idealizou e construiu, certamente com admirável esforço e incontáveis sacrifícios, mas sempre “muito em segredo”, um aeroplano da sua invenção que, em Julho de 1909, levou a Paris para participar num concurso aeronáutico que aí se realizaria, onde se juntavam, pela primeira vez, os pioneiros da aviação de todo o Mundo.
Este aeroplano foi, seguramente, a primeira “máquina voadora” a efectuar voos descolando de terras moçambicanas, enquanto primeiros ensaios e testes.
Como atrás referido, em Julho de 1909 Abeillard Gomes da Silva levou a Paris o seu aeroplano – “Gomes da Silva” – como dão nota a “Revista de Manica e Sofala” de Julho e de Dezembro de 1909 e o “Diário de Noticias” de 11 de Novembro de 1909.
Apesar de bem-sucedido nos voos preliminares em França, foi no entanto afastado do concurso por razões burocráticas, devido a “um atraso na entrega do motor”.
Desiludido, regressou a Lisboa e em Tancos efectuou também, ainda em 1909, alguns voos no seu aeroplano. Após um “embate numa trincheira à descolagem” num desses voos, e sem dispor de quaisquer outros apoios para poder continuar, acondicionou em caixotes o seu aeroplano - “Gomes da Silva” - e regressou à Beira, em Abril de 1910, onde continuou a trabalhar como Tesoureiro da Alfandega, vindo a falecer em 1930.
Abeillard Gomes da Silva, apesar de pioneiro da aviação em Moçambique, morreu desiludido, pobre e esquecido. Apenas postumamente foi motivo de alguns estudos e artigos publicados em Jornais Diários e Publicações da especialidade, mas a sua memória, perdeu-se na voragem dos nossos dias, e, em Moçambique não ficou qualquer “rasto” filatélico (ou “pegada filatélica”, termo hoje muito em voga) que o recorde, o que não ocorreu por exemplo em França, onde, logo no ano de 1909, foram editados dois postais dos Correios a ele dedicados como pioneiro da aviação.


III
John Weston

Ainda em 1911, temos registo de outro voo em terras de Moçambique, pelo aviador Sul-africano John Weston, um outro pioneiro que igualmente construiu o seu avião, o qual vindo de Johannesburg, sobrevoou e evoluiu sobre o céu de Lourenço Marques, tendo aterrado num terreno dos arredores, na Machava, com o aplauso da multidão entusiasmada, após o que levantou voo de regresso à Africa do Sul.
Figura 2 – O monoplano de John Weston em terrenos da Machava em 1911. 

Maximilian John Ludwick Weston, nasceu na Africa do Sul a 17/6/1873 e faleceu a 24/7/1950. Era Engenheiro (fez estágios em França com o celebre construtor aeronáutico Henri Farman), Agricultor e Militar, foi pioneiro da aviação na Africa do Sul, fundador da Sociedade Aeronáutica da Africa do Sul, criou ainda a sua Companhia Aérea, onde construía ou modificava os seus próprios aeroplanos (chegou a ter 5 aviões!).
Em 1911, fez vários voos de demonstração por toda a Africa do Sul e em Lourenço Marques.

IV
Esquadrilha Expedicionária a Moçambique

Com a entrada de Portugal na 1ª Guerra Mundial, e com o inimigo Alemão no Norte de Moçambique, o então Governador-Geral, Dr. Álvaro de Castro, como Comandante das Forças Militares Portuguesas em operações no Niassa, requisitou ao Ministro das Colónias uma esquadrilha de aviação para cooperar com as tropas em campanha, tendo sido encarregado da sua organização, Sacadura Cabral, posteriormente celebrizado, juntamente com Gago Coutinho, pela Travessia Aérea do Atlântico Sul. Vencendo as grandes dificuldades dessa altura devido à Guerra, foram encomendados à França, 3 aviões “Farman”, que foram transportados de Brest para Lisboa e embarcados, em Julho de 1917, nos vapores “Moçambique” e “Lourenço Marques”, de Lisboa para Mocímboa da Praia no norte de Moçambique, onde o material foi desembarcado através de jangadas artesanais a 4 de Agosto de 1917.
Estes aeroplanos constituíam a Esquadrilha Expedicionária a Moçambique, que contava com os oficiais militares de ligação, os pilotos Tenentes João Luis de Moura e Francisco Aragão e o Alferes Jorge de Sousa Gorgulho. Foi também contratado um mecânico francês para a montagem dos aviões.
Em 7 de Setembro de 1917 foi realizado o primeiro voo de ensaio, pilotado por Jorge Gorgulho, visto que lhe competia experimentar os 3 aviões Farman à medida que fossem sendo montados.
 Figura 3 – Alferes Jorge Gorgulho, primeiro mártir da aviação em Moçambique.

Este voo de Jorge Gorgulho está referenciado, e havia o convencimento de que este seria o primeiro voo efectuado em Moçambique, o que não corresponde, como vimos acima, ao rigor histórico.
No dia 8 de Setembro de 1917, Jorge Gorgulho realizou um novo voo em que o avião caiu e incendiou-se ao bater no solo, tendo falecido o piloto, transformando-se assim no primeiro mártir da aviação Portuguesa em Moçambique.
Figura 4 – Os destroços do avião Farman após o acidente de 8/9/1917

Esta tragédia abalou de tal forma o mecânico francês que este regressou a França, sendo substituído por um mecânico português e mecânicos ingleses, que apenas chegaram em Janeiro de 1918, se bem que a tempo de proporcionarem ainda a realização de 38 voos nesse ano.
Refira-se também a título de curiosidade que o Alferes Gorgulho foi substituído por outro oficial piloto aviador o Tenente Craveiro Lopes que veio a ser Presidente da Republica Portuguesa e Marechal da Força Aérea.
Como desde o inicio de 1918, as operações militares no Niassa se tinham deslocado para os Distritos mais ao sul, Distritos de Moçambique e de Quelimane, e como neles não havia campos onde pudessem aterrar, a Esquadrilha Expedicionária ficou com a sua acção muito limitada, tendo os aviões, após o fim da Guerra em Novembro de 1918, sido transportados para Lourenço Marques, onde chegaram a 30 Dezembro de 1918.
Estes aviões ficaram sedeados na base militar construída na Matola, integrando alguns hangares e outras dependências, e constituíram a denominada Esquadrilha de Aviação de Moçambique, cujo comandante era o agora Capitão João Moura e que incorporava alguns pilotos como o Tenente Craveiro Lopes e mecânicos de várias nacionalidades, incluindo francesa.
Esta esquadrilha realizou cerca de 150 voos até surgir o contratempo da retirada dos mecânicos para os seus Países, o que lhe retirou operacionalidade, tendo sido extinta em Junho de 1921.
Desta Esquadrilha de Aviação, não conheço nenhum “rasto” filatélico inequívoco.

V
Raides Aéreos Franceses

A seguir à 1ª Guerra Mundial, teve lugar um grande desenvolvimento da aviação em algumas Nações Europeias como na Alemanha, mas especialmente em Inglaterra e em França, começando a surgir várias ligações aéreas, cada vez mais longas e extensas.
Moçambique, ficando na costa oriental do continente Africano, estava muito distante desses centros de desenvolvimento, mas todavia, muito perto de importantes territórios coloniais dessas potências Europeias (Africa do Sul e outras Colónias ligadas a Inglaterra, bem como de Madagascar e Reunion ligadas a França), proximidade de que beneficiaria quando esses territórios fossem alcançados por via aérea.
Foi o que se passou com os Franceses e o interesse estratégico que tinha a sua ligação a Madagáscar que, todavia em meados da década de 1920, não poderia ser alcançado por via aérea, senão fazendo escalas de trânsito e reabastecimento, também em Moçambique. Por outro lado, o estabelecimento de uma ligação aérea regular, necessitando de percorrer tão grandes distâncias, dada a pequena autonomia de voo dos aviões dessa época, exigiam uma meticulosa preparação logística e os chamados “raides aéreos preparatórios”.[1]
O Governo Francês empenhou-se na realização das ligações aéreas, que se foram estendendo de Paris às então Colónias Francesas. Em Africa, primeiro às colonias Francesas do Norte e Centro do continente Africano, depois ao Congo Francês e, por último, a Madagáscar. É desta ligação, que tinha obrigatoriamente de fazer escala em Moçambique, que tratarei seguidamente.
A França, mercê das ligações aéreas às suas Colónias africanas, que foi estabelecendo nos anos da década de 1920, possuía já um numeroso grupo de aviadores pioneiros, quando iniciou os raides aéreos a Madagáscar.
Assim, a 10 de Outubro de 1926, os Tenentes Vaisseau Bernard e Bougault, iniciaram em Berre – Marselha, a bordo de um Hidroavião Léo 174, um voo ligando a França a Majunga em Madagáscar, onde chegaram a 21 de Novembro de 1926, depois de fazerem escalas na Africa Ocidental Francesa e também em Albertville, Fort Johnston, Moçambique e Quelimane.
No voo de regresso, iniciado a 9 Dezembro de 1926, escalaram Moçambique, Quelimane, seguiram a via dos Grandes Lagos da Africa Central até Luxor, Aboukir e por fim Berre – Marselha, onde chegaram a 12 de Janeiro de 1927.
Esta é cronologicamente, a primeira ligação aérea de França a Madagáscar, ligação estaque, como vimos, fez escala em Moçambique!
Do ponto de vista do “rasto” filatélico estão referenciadas peças com marcas especiais alusivas, tipo souvenir (“souvenir cards”), se bem que sejam apenas 6 cartas, todas destinadas a Majunga, todas escritas por Bougault e despachadas a partir de Albertville, sem quaisquer outras marcas. Já no voo de regresso, estão referenciadas 9 cartas, datadas de Majunga, 9 de Dezembro de 1926, e que teriam recebido marcas de trânsito nas escalas intermédias. A única carta que conheço, que fazia parte da colecção de J. Sussex, está franquiada com selos de Quelimane, mas não passou pelo Correio (os selos não estão carimbados!) e foi entregue em mão aos pilotos que a trouxeram para França onde foi franqueada com selo Francês e enviada para Lisboa[2].
Ainda em Novembro / Dezembro de 1926, foi estabelecida nova ligação aérea entre Paris e Madagáscar, por Jean Dagnaux, célebre piloto Francês nascido em 28/11/1891 e falecido em combate na 2ª Grande Guerra em 17/5/1940, e que em 1934, foi Director da Companhia Regie Air Afrique, precisamente a que fazia a ligação aérea de França a Madagáscar e Reunion.
O Comandante Dagnaux, juntamente com o seu mecânico Dufert, saiu de Paris a bordo do avião Breguet XIX com motor Renault de 500 cv, a 28 de Novembro e a 10 de Dezembro de 1926 aterrou em Tananarive, depois de ter, entre outras, feito escala em Tete, Quelimane e Moçambique. Este foi considerado um voo exploratório da ligação aérea, que não transportou correio e portanto não deixou “rasto” filatélico.
Três anos mais tarde, em 1929, já com a intenção de estabelecer uma carreira aérea regular, o Governo Francês patrocinou 3 raides aéreos a Madagáscar, como então eram designados os voos aéreos de longo alcance.
O primeiro raide aéreo foi realizado pelo piloto aviador Capitão de Reserva, Goulette (que veio a falecer num acidente aéreo em Itália, a 28/5/1932), acompanhado de Marchesseau e Bourgeois, a bordo de um avião Farman 190, matrícula F-AJJB, que ligou Paris a Madagascar com escalas em Gao, Niamey, Bangui, Elizabethville, Broken Hill, Quelimane e Majunga, entre 17 e 27 de Outubro de 1929. Neste raid aéreo foram transportadas algumas cartas, de que mostro um exemplar da minha colecção.
Figura 5 – Carta circulada no 1º Raide Aéreo de 1929, de Paris (16/10/1929) para Tananarive (27/10/1929, no verso)

O segundo raide aéreo foi efectuado pelos Pilotos Bailly e Reginensi, acompanhados do mecânico Marsot, que saiu de Paris a bordo do aeroplano de tipo Farman 190, no dia 27 de Outubro e chegou a Tananarive a 5 de Novembro de 1929. Fez igualmente escala em Quelimane e, segundo o catálogo especializado Mueller, tem também “rasto” filatélico, ou seja, transportou correspondência, ainda que desconheça se haveria alguma carta com destinatário em Moçambique.
O terceiro raide aéreo de Paris a Madagascar, teve partida a 13 de Dezembro de 1929 e chegada a Tananarive a 1 de Janeiro de 1930. Teve como piloto o Sargento Roux acompanhado do Engenheiro Aeronáutico Caillol e pelo mecânico Dodemont, num avião Farman 190. Na viagem de regresso, a 13 de Janeiro de 1930, o avião teve um acidente sobre a floresta tropical de Kassai no então Congo Belga, tendo falecido os 3 ocupantes do avião nesse acidente.
Também este voo transportou correio e uma das cartas era dirigida à Posta Restante de Moçambique (ilha), onde chegou por via marítima, ida de Tananarive, via Zanzibar, sendo depois devolvida ao remetente em Paris.
Figura 6 – Carta registada circulada no 3º Raide Aéreo Paris-Madagascar. Carimbo de Paris-le Bourget de 10/12/1929. No verso: Carimbo de chegada a Tananarive a 1/01/1930. Reexpedida por via marítima via Zanzibar, para Moçambique (Posta Restante), onde chegou a 29/1/1930 (no verso). Como não foi levantada, aplicaram-lhe as marcas “Não Reclamado” e “Devolvida ao remetente”, na frente e verso da carta. Chegou a Paris a 15 de Maio de 1930, conforme carimbo no verso.

A carta foi preparada para deixar “rasto” filatélico desse voo especial, por um conhecido aerofilatelista da época, como era e foi prática corrente entre os aerofilatelistas de todos os tempos. É uma peça rara que embeleza a minha colecção!

VI
Walter Mittelholzer

Ainda no final do ano de 1926, temos registo de outra gesta da aviação em Moçambique, o primeiro voo que a partir da Europa, atravessou Africa, de Norte a Sul!
Este voo foi realizado pelo Suíço Walter Mittelholzer, outro extraordinário pioneiro da aviação, nascido em 1894 e falecido em 1937, que foi piloto militar em 1917/18 e um dos fundadores da Companhia Aérea Swissair, de que foi o primeiro Director Geral e Piloto Instructor Chefe, e que é considerado o inventor da fotografia aérea, tendo efectuado várias publicações com o relato das suas viagens áereas, ilustradas pelas muitas fotografias aéreas que tirava (mais de 150 mil, muitas delas, actualmente expostas em Museus relacionados).
Figura 7 – O Hidroavião “Switerzland” em que Mittelholzer efectuou a travessia, fotografado na baía de Cape Town em 1927

Além disso, já desde 1924 que tinha autorização para fazer transporte aéreo de correio para alguns dos locais para onde voou (para o Irão, por exemplo), sendo também um dos pioneiros neste tipo de transporte postal por via aérea.
Este voo que atravessou Africa de Norte a Sul, teve início em Zurique, a 7 de Dezembro de 1926 e terminou em CapeTown a 20 de Fevereiro de 1927, foi realizado no hidroavião “Switerzland”, um Dornier Merkur monomotor de 450 cv.
 Figura 8 – Mapa esquemático do voo de Mittelholzer.

Foi um voo que tinha fundamentalmente fins de natureza científica, mais concretamente o estudo da Geologia, da Geografia e da Zoologia das regiões que atravessou, em especial dos Grandes Lagos de Africa. Devido a dificuldades de abastecimento, e outras, que aconteceram ao longo do extenso trajecto (cerca de 20000 Km), mas também porque os objectivos eram de natureza científica e não privilegiavam a rapidez, este voo demorou cerca de 77 dias.
Figura 9 – Walter Mittelholzer (1894/1937).

Beneficiando da fama de que já gozava como piloto aviador, Mittelholzer, apetrechou-se devidamente em material para fotografia, fez-se acompanhar de conhecidos e competentes especialistas, obteve grande divulgação jornalística do evento e transformou este voo num êxito Mundial da época.
Como se vê no mapa anexo (Figura 8), o voo em Moçambique, escalou a Beira, Inhambane e Lourenço Marques e embora escasso, deixou um “rasto” filatélico relevante, através das cartas que, provenientes de Zurique, estavam endereçadas a destinatários em Moçambique. Essas cartas, carimbadas a 28 de Novembro, 9 dias antes da partida a 7 de Dezembro de 1926, têm uma marca quadrangular especial deste evento e foram transportadas na fase inicial do seu percurso até Alexandria neste célebre voo, tendo a partir daí, seguido aos seus destinos, por via marítima. Apresento, da minha colecção, uma dessas cartas.
 Figura 10 – Carta Registada enviada de Zurique (28/11/1926) para a Beira (21/01/1027, no verso). Além da assinatura do piloto, apresenta carimbos de trânsito em Alexandria (13/12/1926) e em Mombaça (2/01/1927, no verso).

VII
Sir Alan Coban

No final de 1927, o aviador pioneiro Inglês, Sir Alan Coban, saiu de Londres a 27 de Novembro de 1927, a bordo de um hidroavião batizado de “Singapura” (na altura o maior hidroavião do mundo), e via Malta, seguiu o rio Nilo e a rota dos Grandes Lagos da Africa Central, escalou a Beira, Lourenço Marques e Durban, tendo chegado a Cape Town a 9 de Março de 1928. A partir de Cape Town fez todo o percurso da costa ocidental de Africa e atingiu Plymouth em Inglaterra a 4 de Junho de 1928.
Este voo, porém, não deixou “rasto” filatélico.


VIII
Primeiro Raide Aéreo Português (Lisboa-Beira-Lourenço Marques)

Também Portugal, nas primeiras décadas do Século XX, desenvolveu a aeronáutica, em especial na área militar, e teve os seus pioneiros, como Gago Coutinho, Sacadura Cabral, Sarmento Beires, Brito Pais, e outros.
No entanto foram os aviadores pioneiros Celestino Pais Ramos e Oliveira Viegas, que em 1928, efectuaram o primeiro Raide aéreo que ligou Lisboa às ex-colónias africanas Portuguesas.
A viagem que, tinha por objectivo abrir rotas aéreas comerciais entre Portugal e as Colónias, iniciou-se no aeródromo da Amadora, perto de Lisboa, a 5 de Setembro de 1928, e após algumas etapas (e muitas peripécias…) em que escalaram Bolama na Guiné, S. Tomé (onde pela primeira vez aterraram aviões Portugueses) e Luanda em Angola. Os dois aviões atingiram o Zumbo já em Moçambique, a 16 de Outubro de 1928 e aterraram em Tete a 17 de Outubro, na Beira a 19 de Outubro, completando o raide em Lourenço Marques, no aeródromo da Carreira do Tiro, a 26 de Outubro de 1928.
Figura 11 – O avião do Capitão Pais Ramos.

Foram utilizados dois aviões monomotores “Vickers Valparaiso”, de 450 cv, da Esquadrilha de Aviação Republica, tripulados pelos Pilotos aviadores Capitão Celestino Pais Ramos (1895-1940) - comandante da expedição, Capitão Oliveira Viegas, o Tenente João Maria Esteves como navegador e o Sargento Manuel António como mecânico.
Em todas as escalas, mas especialmente em Moçambique, a viagem teve recepções apoteóticas por parte da população e os tripulantes foram recebidos como heróis e objeto de festejos e homenagens locais. Foi um acontecimento de enorme repercussão e que despertou um entusiasmo extraordinário nas populações, influenciando o progresso local da aeronáutica.
Do ponto de vista aeropostal, estes aviões realizaram o primeiro transporte aéreo de correio em Moçambique, da Beira para Inhambane e Lourenço Marques e ainda largaram do ar, uma mala de correio no Buzi, por não haver local para a aterragem. Porém, o transporte não foi oficial, pelo que o único “rasto” filatélico deste voo que conheço é a marca especial identificativa, batida a vermelho nos 161 exemplares do jornal “Noticias da Beira” de 24 de Outubro de 1928, que foram transportados nesse voo, como se mostra na Figura 12.
Figura 12 – O Jornal “Noticias da Beira” com a marca especial de transporte aéreo. Colecção Sousa Lobo 

Ao primitivo aeródromo da Beira foi dado o nome Aeródromo Pais Ramos, aberto à navegação aérea em 1928. Teve ao longo dos anos vários melhoramentos, como edifício com sala de Passageiros, Alfandega e Correios, além de pistas de aterragem em asfalto e em cimento. Foi encerrado e substituído pelo actual aeroporto da Beira, em 1961. Pessoalmente, tive a possibilidade de algumas vezes ter levantado e aterrado nesse aeródromo, quer em voos de recreio, quer acompanhando meu Pai, em viagens aéreas ao serviço dos Correios de Moçambique.


IX
Primeiro Correio Aéreo Oficial

Sem dúvida que o Raide aéreo Lisboa-Moçambique do Capitão Pais Ramos, impulsionou o entusiasmo em Moçambique pelas “máquinas voadoras”.
Logo em Dezembro de 1928 foi fundado o Aeroclube de Moçambique com sede em Lourenço Marques, tendo em Armando Vilhena Torre do Valle (3/5/1888-16/9/1937), um dos sócios fundadores.
Em Maio de 1929 o Aeroclube adquiriu na Africa do Sul um avião “D.H. Gipsy Moth” que inicialmente tinha a matricula C-PMAA, passando depois para a matrícula CR-MAA, e foi baptizado “Moçambique”, sendo pilotado pelo Inglês Jimmy Childs.
 Figura 13 – O primeiro avião civil matriculado em Moçambique.

São desde logo efectuados voos de recreio e instrução e num desses voos para o Chai Chai, em 13 de Julho de 1929, são transportados 12 exemplares do Jornal Guardian de Lourenço Marques, que levaram uma marca especifica e identificativa, com os dizeres “ Especial = Via aérea “, que, embora uma vez mais, não oficialmente, constituem peças da história aerofilatélica de Moçambique.
O Jornal Guardian de Lourenço Marques do dia seguinte noticiou este acontecimento donde retirei algumas frases: “ O avião, pilotado por Mister Childs, transportou cerca de 4,5 Kilogramas de correspondência e Jornais e levou como passageiro o Senhor Calçada Bastos, membro do Aeroclube. O campo de aterragem estava esplêndido, graças ao trabalho do residente, Senhor Torre do Vale, um entusiasta da aviação e que preparou toda a visita. Foram depois feitos cerca de 40 baptismos de voo. A população do Chai Chai manifestou a sua satisfação por esta jornada e expressou o desejo do estabelecimento de carreiras aéreas regulares.”
Cerca de um mês depois, em 16 de Agosto de 1929, efectua-se então o primeiro transporte aéreo oficial de correspondência em Moçambique, entre Lourenço Marques e Inhambane, com escala no Chai Chai. A correspondência foi transportada no avião “Moçambique”, que como vimos era um “De Havilland Gipsy Moth” e que foi pilotado por Jimmy Childs.
Para comemorar este evento, os Correios emitiram pela primeira vez, uma marca especial, para a correspondência transportada nesse 1º voo e no voo de regresso. Essa marca especial deste voo, rectangular, foi aplicada a violeta ou a preto em Lourenço Marques e a vermelho em Inhambane. Da minha colecção apresento a imagem de uma das duas cartas isentas de franquia – correspondência oficial - que foram transportadas nesse voo.
 Figura 14 – Carta Oficial, isenta de franquia, enviada de L. Marques a 15/8/1929, para Inhambane (16/8/1929, no verso), com carimbo do 1º transporte aéreo oficial de correspondência, em Moçambique. 
Figura 14A – Carta enviada de Inhambane – 17/8/1929 - para Lourenço Marques – no verso: 21/8/1929 - , transportada no voo de regresso (carimbo a vermelho) do 1º transporte oficial de correspondência, em Moçambique. (Colecção J.Sousa Lobo).

Obviamente que este voo tem um “rasto” filatélico importante, deixando uma “pegada” marcante na Aerofilatelia Moçambicana.


X
Torre do Vale e Manuel Maria Rocha

Não foi por acaso que a então Vila de Chai Chai (mais tarde João Belo), capital do Distrito de Gaza, tem lugar destacado na fase pioneira da aviação civil, chegando a ser considerada, o “berço da aviação” em Moçambique. De facto, por feliz coincidência, nela residiam em 1928, dois nomes incontornáveis como pioneiros da aviação em Moçambique. Eram eles Armando Torre do Vale e Manuel Maria Rocha.
A extraordinária importância que ambos tiveram no progresso da aeronáutica em Moçambique, apesar de, nesta fase (até 1931) não terem ainda deixado “rasto” filatélico no transporte aeropostal, justifica que lhes dedique um brevíssimo resumo biográfico.
Armando Torre do Vale, nasceu no Porto em 1888, mas ainda muito jovem, acompanhou a vinda de seus Pais e irmãos para Moçambique, terra onde trabalhou e viveu toda a sua vida. Faleceu em 1935, vítima de um trágico acidente de caça aos elefantes. Foi funcionário do Município do Chai Chai e da Firma W.N.L.A. no Distrito.
Em 1928, ano em que foi um dos fundadores do Aeroclube de Moçambique em Lourenço Marques, Torre do Vale que já era um apaixonado por tudo o que fosse mecânico, tomou então contacto com os aviões. Não só com o encomendado pelo aeroclube, mas um outro, também um “De Havilland”, com a matricula C-PMAB, do afamado aviador Sul Africano, Capitão Mac Miller, que nessa altura se encontrava em Lourenço Marques. Este aviador, quando efectuava acrobacias na baía, teve um acidente, tendo-se afundado o avião, todavia em aguas pouco profundas.
Logo em Outubro de 1929, Torre do Vale tirou o brevet de piloto na Africa do Sul, onde em Dezembro adquiriu um avião “D.H. Gipsy Moth”, que foi o segundo avião civil de Moçambique, com a matrícula CR– MAB, baptizado “Gaza” e levando-o para o Chai Chai, onde juntamente com o amigo Manuel Rocha, fundou o Aeroclube de Gaza.
Figura 15 – O segundo avião civil de Moçambique, baptizado “Gaza”, sobrevoando o Chai Chai. 

Manuel Maria Rocha, nasceu na Beira em Moçambique a 9/10/1902 e faleceu em Lisboa a 12/4/1986. Concluiu os seus estudos em Lourenço Marques em 1922, exercendo a sua primeira actividade profissional como funcionário da Companhia de Electricidade no Chai Chai. Ainda adolescente teve ocasião de observar os voos efectuados sobre os céus da capital, pelos aviões militares, os “Farman” da Esquadrilha de Aviação, então estacionada na Matola, o que despertou nele uma paixão pelos aviões.
Como para além dessa paixão, era exímio mecânico, impulsionado por Torre do Vale, arrematou em leilão os salvados do biplano do Capitão Miller, resgatados das águas da baía de Lourenço Marques após o acidente. Transportou para o Chai Chai os destroços e com uma persistência e uma determinação extraordinárias, reconstruiu, peça por peça, o avião, um “ De Havilland Cyrrus Moth”, que teve a matricula CR-MAC e a que deu o nome de “Chai Chai” em honra da terra onde vivia e sede do Aeroclube de Gaza.
Quer em conjunto, quando em 1933, fundaram a Companhia Aero Colonial, que efectuou vários voos em Moçambique (alguns com transporte não oficial de correio) - e que é considerada como a precursora da D.E.T.A. -, quer individualmente, estes extraordinários pioneiros da aviação em Moçambique, ainda foram protagonistas de feitos indeléveis da história aeropostal de Moçambique.
Basta dizer que, em 1933, Torre do Vale, fez a primeira ligação LM – Lisboa – Londres e que na longa carreira profissional do Comandante Rocha, que terminou desempenhando funções no Aeroporto de Lisboa em 1976, além de ter sido o primeiro piloto da DETA, foi também o piloto do avião que, em 1946, fez o primeiro voo TAP da Linha Aérea Imperial entre Lisboa-Luanda-Lourenço Marques e volta.
Como estes eventos aconteceram depois de 1931, estão já fora do âmbito temporal deste estudo.


XI
Pat Judson

Todavia dentro do período, há ainda referências a aviadores pioneiros, que não quero deixar de citar.
Em primeiro lugar, ao Major Alfredo Sintra e ao Capitão Avelino de Andrade, que entusiasmados pelo êxito dos voos e raides aéreos que se vinham desenvolvendo em Moçambique nos anos anteriores, partem de Lourenço Marques em Dezembro de 1930 e alcançam Luanda, tripulando um monomotor “Morane Titan”, após um longo e atribulado raide aéreo, de que não ficou, porém, qualquer ”rasto” filatélico.
Em segundo lugar, e principalmente, ao aviador Pat Judson, que considero o último representante desses aventureiros e “gloriosos” magníficos das “máquinas voadoras”. Daniel “Pat” Sievewrigth Judson, nasceu em 16/3/1898 e faleceu de acidente aéreo a 20/11/1931. Apesar da sua curta existência, foi o primeiro aviador Rodesiano, um notável instrutor de voo e pioneiro da aviação civil Rodesiana.


Figura 16 – Daniel (“Pat”) Judson. O último dos “pioneiros” em Moçambique. 

Em 21 de Outubro de 1930, voou de Salisbury até à Beira, onde, com o auxílio de fogueiras, lanternas de cabeça e faróis de automóveis ao redor do campo, efectuou a primeira aterragem nocturna da história da aviação Moçambicana!
Este mesmo piloto, semanas depois, realizou um outro voo entre Salisbury, Beira, Quelimane, Angoche, Moçambique e Porto Amélia, com regresso a Salisbury, o que, em algumas escalas, foi efectuado pela primeira vez.
Nenhum destes voos deixou, contudo, “rasto” filatélico conhecido.


XII
Outros aviadores

Na documentação existente no Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) respeitante quer aos pedidos de autorização de sobrevoo do território de Moçambique solicitados pelos voos iniciais que o atravessaram, quer à documentação solicitando o estabelecimento de carreiras aéreas, existe um conjunto de interessantes informações, porventura pouco conhecidas e que se enquadram neste artigo.
Num Relatório enviado pelo Governo-Geral de Moçambique. José Cabral, ao Ministro das Colonias, datado de 16 de Maio de 1927, diz-se o seguinte: “1- Não existem nesta Colónia aeródromos de caracter permanente, porquanto há já bastantes anos que dela desapareceu a aviação; 2 - Campos de aterragem de ocasião, motivada pela passagem recente nesta Colónia de alguns aviões Estrangeiros, existem os seguintes:
Quelimane, Tete, Moçambique, Lourenço Marques e Inhambane…”, fazendo seguidamente a localização e descrição pormenorizada destes campos.
Respondendo às possibilidades de abastecimento em gasolina e óleos, é dito que apenas existem em alguns locais, depósitos das Companhias Vacuum e Shell, mas que é conveniente avisar com antecedência da chegada de qualquer avião, para que não haja falhas, tal como fez o piloto Suíço Mittelholzer, que antecipadamente encomendou o combustível à Shell que o mandou vir da Africa do Sul.
Consultando essa documentação, foi-me também possível elaborar a lista dos pedidos de autorização para voar em Moçambique, até ao final de 1931 (incluindo alguns detalhes desses voos), dos seguintes pilotos que o solicitaram ao Ministro das Colónias através do Ministério dos Negócios Estrangeiros:
·      Lefevre e Demazieres – Franceses - Matriculas dos aviões – F- AJZZ e F- A LCC – viagem aérea de turismo – escala em Zumbo, Tete, Sena, Quelimane e Moçambique - Novembro de 1930.
·      Mohamed El Gabri – Egípcio - Raide Berlim–Cabo – Matricula – D 1828 - escalas em Lindi, Kionga, Moçambique, Quelimane, Beira, Inhambane, L. Marques - Julho de 1931.
·      Goulette e Salel – Franceses – Matrícula do avião – F- AJRY – Via Mogadício, Mombaça, Daresssalam, Moçambique, Tananarive – Agosto de 1931.
·      H.Trafford e Touze - Franceses – Matricula F- ALGV - Via Mombaça – Lindi – Moçambique – Majunga.- Outubro de 1931.
·      Ludovic Arrachart – Francês – viagem de turismo a Madagáscar – Matrícula – F- A NH - Via Zumbo, Tete, Quelimane, Moçambique, Tananarive.- Novembro de 1931.
·      Maryse Ilze – Francesa – escala em Zumbo, Tete, Quelimane, Moçambique, Tananarive - Novembro de 1931.
Quando não indicavam a matrícula do avião, informavam que a respetiva Embaixada em breve o faria. Por norma referiam que os aviadores não transportavam armas, nem máquinas fotográficas ou aparelhos de T.S.F. (ao que presumo por ser necessária autorização especial caso o fizessem).
De todos estes voos não tenho conhecimento de que haja transporte aeropostal e, portanto, de qualquer “rasto” filatélico.


Janeiro de 2014


Bibliografia
- Documentos consultados no Arquivo Histórico Ultramarino;
- Blog “Voando em Moçambique”;
- Revista “Mais Alto”;
- Artigo de J.Cross na Revista Portu-info da ISPP de Abril 2002;
- Jornais de Lourenço Marques, da época;
- “Aeronáutica Portuguesa” de Diniz Ferreira, Lisboa 1961;
- Catálogos de Franck Mueller e Pierre Saulgrain;
- “Afrika Flug” de W. Mittelholzer, 1928;
- Artigo do Capitão Stern da Revista Aerofield de 1960;
- Artigo de J.Sussex da Revista PPS de Abril de 1999;





[1] No Arquivo Histórico Ultramarino, existe um acervo de documentação que tive oportunidade de consultar e que arquiva a correspondência trocada, por exemplo, entre os Governos de França e de Portugal, não só acerca destes Raides Franceses, mas também de alguns outros de pilotos de outras Nacionalidades, que sobrevoaram Moçambique entre 1927 e 1931, solicitando autorização e informações sobre as condições dos “aeródromos” disponíveis. Muitos destes voos são pouco conhecidos, mesmo nas publicações especializadas. A essas informações voltarei mais adiante.
[2] Lote 3045 do leilão Cavendish ocorrido em 1999.

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