O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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07/11/07

376 - 7Q-YDM”, c-401, baptizado de “Zycomo”aeroranave, do Engº Jorge Jardim




Falamos do Cessna 401 com a matrícula do Malawi "7Q-YDM”, baptizado de “Zycomo”, e da sua pitoresca história.
Ostentou este avião entre 1968 e 1974 a matrícula da Força Aérea Portuguesa 3406, matrícula fictícia, já que esta tinha já sido atribuída a um Dornier DO-27 acidentado em Angola em 1961.
Em Março de 1972 foi realizada uma operação de pulverização a zonas plantadas no planalto de Mueda, decidida pelo Comando Chefe das Forças Armadas em Moçambique, utilizando aviões e pilotos Sul-africanos.
Os pilotos Sul-africanos chegaram à BA-10 na Beira acompanhados pelo Beaver “CR-AGS” do Aeroclube da Beira pilotado pelo Bento João e Frederico Jardim (filho do Eng. Jorge Jardim). Da Beira, após reabastecimento, o grupo descolou escoltado pelos mesmos dois pilotos portugueses, desta vez no Cessna 182E “CR-AJT”, pertença do mesmo Aeroclube.
Daí rumaram a António Enes e finalmente Nangololo, onde ficaria a base de operações destes aviões.
Faltava contudo um meio rápido que permitisse a ligação entre Mueda e Nangololo.
Foi aqui que surgiu a cedência do Cessna 401 do Eng. Jorge Jardim, que tinha contudo um óbice: ostentava uma matrícula civil e ainda por cima estrangeira.
Foi assim que com a perspicácia e algum jeito, utilizando banda plástica autocolante, que o Cessna foi incorporado e transformado no FAP 3406, tendo havido o cuidado de lhe dar uma matrícula já inexistente.
Assim foi um dos poucos aviões da Força Aérea Portuguesa que não vestia um uniforme a rigor, já que a sua pintura era pouco ortodoxa para o standard dos nossos aviões militares: todo branco com o dorso inferior da fuselagem e das asas de cor azul.




Texto e fotos do Cte. Vilhena.
Eng. Jorge Jardim e filha Patucha Jardim 1965 

9 comentários:

Anónimo disse...

Bento Joao um abraco amigo do Victor Fachada

Anónimo disse...

E outro ao nosso amigo Gouveia Homen.

Luisa Hingá disse...

Eu agradeço a visita. reconhece mais alguem na foto?
Boa Páscoa.

Anónimo disse...

O Homen Gouveia que o nosso amigo em cima refere, é o Ivo Homem de Gouveia, que pertencia tambem ao Aeroclube da Beira, amigo pessoal do Eng Jorge Jardim e familia, ao lado do Bento está um antigo piloto da FAP, tambem mecanico, se me lembro era o Torres. A pessoa indicada para decifrar mais pessoas na fotografia é o Leonel, que tambem era piloto, e que actualmente tem uma farmacia na Cidade da Beira, onde apesar da sua grande idade, já vai a caminho dos 90, ainda possui memoria para ajudar a identificar mais alguns "figurantes".

Luisa Hingá disse...

Obrigada Jorge Teixeira pelo seu comentário. Vou tentar confirmar o nome.
Volte sempre.

Anónimo disse...

Outra das pessoas que pode contribuir muito sobre as historias e suas personagens da Aviaçao e dos Aeroclubes em Moçambique, apesar da sua idade, é o Comandante Jorge Velozo, antigo piloto chefe dos Boeings 727 da TAP, que todos nós ainda chegamos a conhecer, cresceu na Beira, fez serviço militar na Força Aerea da Africa do Sul, e tinha como amigos alguns dos mencionados neste blog, vive em Portugal na Regiao de Lisboa e o possivel melhor contacto será através de outro Beirense que vive em Oeiras, o Mario Santos.

santos.mario@netcabo.pt

Luisa Hingá disse...

O Cte. Veloso morreu. Veja a noticia no artigo nº. 373 deste blogue.
Obrigada.

Anónimo disse...

Desconhecia tal desfecho o que lamento profundamente, tendo tido o previlegio de o conhecer pessoalmente, na altura como Cte na TAP e apos a sua saida para a reforma, era daquelas pessoas que se tinha sempre algo a aprender com ele, um "Gentleman".

Unknown disse...

Conheci o Homem Gouveia (foi com ele que voei da Beira para Blantyre em 1973, no avião do Eng.º Jardim) e trabalhei com a esposa dele na Embaixada de Portugal no Malawi. Infelizmente, nunca mais soube nada deles. Tenho muitas histórias e grandes momentos passados com eles.
Tony Silvestre