1966 - Aeroporto da Beira em fase ainda de construção.
Photo: E.Vasconcelos
Equipamentos e infraestruturas
A questão do novo aeródromo foi abordada, pela primeira vez, no decorrer da elaboração do Plano de Urbanização de 1947. Já nessa altura os técnicos achavam que o mesmo teria que se mudar para o Alto da Manga, algures entre as estradas do Savane e do Macúti, já que o Aeródromo Pais Ramos se encontrava em terreno baixo e argiloso, e a sua ampliação só se poderia fazer à custa de inúmeras demolições e expropriações.
A partir de 1952 iniciar-se-iam as grandes obras de remoção de terras, na Manga-Loforte, com o objetivo de terraplanagem de três faixas destinadas a outras tantas pistas de aterragem e descolagem do novo aeroporto (a onze quilómetros da cidade). Novas obras viriam ainda a ocorrer em abril de 1956, tendo-se procedido então ao seu alargamento e asfaltagem (principal, 12-30, com um comprimento de 2.000 metros; a segunda, 18-36, com um comprimento de 1.500 metros; e a terceira, 06-24, com 1.200 metros) e, em 1965, com uma nova ampliação, destinada a receber os aviões a jacto (a pista principal ficou com 2.400 metros de comprido e sessenta de largo).
A primeira aerogare resultou da adaptação de alguns edifícios existentes naquele local, sendo descrita deste modo: “A estação aérea, instalada numa antiga casa rústica situada num dos terrenos abrangidos pela expropriação, quando da delimitação destes para o novo aeródromo – é um nome que só por antonomásia se aceita, pois não corresponde nem ao designativo de aeroporto internacional nem às necessidades do seu tráfego, que já é grande. À frente, corre uma varanda coberta a zinco, estreita, com meia-dúzia de cadeirões – a simular sala de espera; uma porta liga-a com uma sala soturna e quente – sem ventilação nem luz – seccionada ainda em escritório central, alfândega e imigração, com um balcão tabernal e prateleiras despolidas onde um guarda-fiscal, um agente de imigração e dois empregados da DETA (...), desembaraçam todo o movimento que às vezes ascende à meia centena de passageiros; e ao lado, num varandim acanhado – o restaurante do aeroporto internacional da Manga!” (Diário de Moçambique, Beira, 19.02.1956, pp. 1 e 12). Em fevereiro de 1958, sofreu uma ampliação, tendo-se construído mais duas salas nas traseiras, destinadas a restaurante-bar e salão de espera e expediente do pessoal de terra.
A atual Aerogare, com projeto pelo arquiteto Cândido Palma de Melo (1922-2003) – que executou também o projeto da aerogare de Lourenço Marques – é um longo edifício moderno, ritmado pela pujante cimalha recortada. A construção começou a ser erguida em junho de 1965 (em outubro os trabalhos já estavam suficientemente avançados para que se instalassem nela os serviços, com carácter provisório), vindo a ser inaugurada tardiamente, em 27 de junho de 1968. Possui uma área de 7.000 metros quadrados, tendo um amplo hall, onde se situavam todos os serviços das transportadoras aéreas, dando ainda acesso a um restaurante e bar, que o contorna com características de balcão, no piso superior, dando entrada direta para um varandim corrido, ao sabor do edifício. Os passageiros em trânsito tinham acesso a um outro restaurante, absolutamente independente. A decoração dos restaurantes e dos escritórios dos Serviços Aéreos da Beira e dos Transportes Aéreos de Moçambique esteve a cargo do arquiteto José Augusto Moreira. Possui ainda painéis decorativos de José Pádua. O escultor Jorge Vasconcelos executou a estátua de Sacadura Cabral, colocada em 1972 no largo fronteiro à aerogare.
O edifício desenvolve-se longitudinalmente, entre a placa de aeronaves e o parqueamento automóvel, ligando-se à antiga aerogare, transformada agora em torre de controlo. Compõe-se de uma repetição de módulos estruturais tridimensionais de sentido transversal, formalizados pelas lajes pré-fabricadas em U e respectivos pilares de suporte, criando um vasto espaço em dois pisos, perfurado nas zonas dos átrios principais. Os alçados principais diferenciam-se pelo forte jogo de luz e sombra obtido pelas lajes balançadas do alçado norte e pela expressão mais plana dos elementos estruturais, caixilhos e brise-soleil verticais, que compõem o alçado sul.
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