O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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19/10/15

904 - Aerogare do Aeroporto Internacional da Beira. Sofala. Moçambique




1966 - Aeroporto da Beira em fase ainda de construção.
Photo: E.Vasconcelos

Equipamentos e infraestruturas

O primitivo Aeródromo Pais Ramos encontrava-se localizado no Esturro, tendo sido aberto à navegação aérea em 1928. Nos finais da década de 1930, ocupava uma área de sessenta hectares, possuindo um pequeno edifício, onde se albergava a sala de passageiros, alfândega e correios (inaugurado em setembro de 1937); um hangar metálico para acomodação dos aviões e pistas de aterragem, uma em cimento e duas em asfalto. Viria a encerrar definitivamente em 1 de janeiro de 1961.
A questão do novo aeródromo foi abordada, pela primeira vez, no decorrer da elaboração do Plano de Urbanização de 1947. Já nessa altura os técnicos achavam que o mesmo teria que se mudar para o Alto da Manga, algures entre as estradas do Savane e do Macúti, já que o Aeródromo Pais Ramos se encontrava em terreno baixo e argiloso, e a sua ampliação só se poderia fazer à custa de inúmeras demolições e expropriações.
A partir de 1952 iniciar-se-iam as grandes obras de remoção de terras, na Manga-Loforte, com o objetivo de terraplanagem de três faixas destinadas a outras tantas pistas de aterragem e descolagem do novo aeroporto (a onze quilómetros da cidade). Novas obras viriam ainda a ocorrer em abril de 1956, tendo-se procedido então ao seu alargamento e asfaltagem (principal, 12-30, com um comprimento de 2.000 metros; a segunda, 18-36, com um comprimento de 1.500 metros; e a terceira, 06-24, com 1.200 metros) e, em 1965, com uma nova ampliação, destinada a receber os aviões a jacto (a pista principal ficou com 2.400 metros de comprido e sessenta de largo).
A primeira aerogare resultou da adaptação de alguns edifícios existentes naquele local, sendo descrita deste modo: “A estação aérea, instalada numa antiga casa rústica situada num dos terrenos abrangidos pela expropriação, quando da delimitação destes para o novo aeródromo – é um nome que só por antonomásia se aceita, pois não corresponde nem ao designativo de aeroporto internacional nem às necessidades do seu tráfego, que já é grande. À frente, corre uma varanda coberta a zinco, estreita, com meia-dúzia de cadeirões – a simular sala de espera; uma porta liga-a com uma sala soturna e quente – sem ventilação nem luz – seccionada ainda em escritório central, alfândega e imigração, com um balcão tabernal e prateleiras despolidas onde um guarda-fiscal, um agente de imigração e dois empregados da DETA (...), desembaraçam todo o movimento que às vezes ascende à meia centena de passageiros; e ao lado, num varandim acanhado – o restaurante do aeroporto internacional da Manga!” (Diário de Moçambique, Beira, 19.02.1956, pp. 1 e 12). Em fevereiro de 1958, sofreu uma ampliação, tendo-se construído mais duas salas nas traseiras, destinadas a restaurante-bar e salão de espera e expediente do pessoal de terra.
A atual Aerogare, com projeto pelo arquiteto Cândido Palma de Melo (1922-2003) – que executou também o projeto da aerogare de Lourenço Marques – é um longo edifício moderno, ritmado pela pujante cimalha recortada. A construção começou a ser erguida em junho de 1965 (em outubro os trabalhos já estavam suficientemente avançados para que se instalassem nela os serviços, com carácter provisório), vindo a ser inaugurada tardiamente, em 27 de junho de 1968. Possui uma área de 7.000 metros quadrados, tendo um amplo hall, onde se situavam todos os serviços das transportadoras aéreas, dando ainda acesso a um restaurante e bar, que o contorna com características de balcão, no piso superior, dando entrada direta para um varandim corrido, ao sabor do edifício. Os passageiros em trânsito tinham acesso a um outro restaurante, absolutamente independente. A decoração dos restaurantes e dos escritórios dos Serviços Aéreos da Beira e dos Transportes Aéreos de Moçambique esteve a cargo do arquiteto José Augusto Moreira. Possui ainda painéis decorativos de José Pádua. O escultor Jorge Vasconcelos executou a estátua de Sacadura Cabral, colocada em 1972 no largo fronteiro à aerogare.
O edifício desenvolve-se longitudinalmente, entre a placa de aeronaves e o parqueamento automóvel, ligando-se à antiga aerogare, transformada agora em torre de controlo. Compõe-se de uma repetição de módulos estruturais tridimensionais de sentido transversal, formalizados pelas lajes pré-fabricadas em U e respectivos pilares de suporte, criando um vasto espaço em dois pisos, perfurado nas zonas dos átrios principais. Os alçados principais diferenciam-se pelo forte jogo de luz e sombra obtido pelas lajes balançadas do alçado norte e pela expressão mais plana dos elementos estruturais, caixilhos e brise-soleil verticais, que compõem o alçado sul.
António SopaElisiário MirandaJosé Manuel Fernandes
Copiado com a devida vénia de http://www.hpip.org/def/pt/Homepage/Obra?a=2109




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