O Voando em Moçambique é um pequeno tributo à História da Aviação em Moçambique. Grande parte dos seus arquivos desapareceram ou foram destruídos e o que deles resta, permanecem porventura silenciosos nas estantes de muitos dos seus protagonistas. A História é feita por todos aqueles que nela participaram. É a esses que aqui lançamos o nosso apelo, para que nos deixem o seu contributo real, pois de certo possuirão um espólio importante, para que a História dessa Aviação se não perca nos tempos e com ela todos os seus “heróis”. As gerações futuras de certo lhes agradecerão. Muitos desses verdadeiros heróis, ilustres aventureiros desconhecidos, souberam desafiar os perigos de toda a ordem, transportando pessoas e bens de primeira necessidade ou evacuando doentes, em condições meteorológicas adversas, quais “gloriosos malucos das máquinas voadoras”. Há que incentivar todos aqueles que ainda possuam dados e documentos que possam contribuir para que essa História se faça e se não extinga com eles, que os publiquem, ou que os cedam a organizações que para isso estejam vocacionadas. A nossa gratidão a todos aqueles que ao longo dos tempos se atreveram e tiveram a coragem de escrever as suas “estórias” e memórias sobre a sua aviação. Só assim a História da Aviação em Moçambique se fará verdadeiramente, pois nenhum trabalho deste género é suficientemente exaustivo e completo. A todos esses ilustres personagens do nosso passado recente que contra tudo e todos lutaram para que essa história se fizesse, a nossa humilde e sincera homenagem.

A eles dedicamos estas linhas.

José Vilhena e Maria Luísa Hingá

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Quem tiver fotos e/ou documentos sobre a Aviação em Moçambique e os queira ver publicados neste blogue, pode contactar-me pelo e-mail:lhinga@gmail.com

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28/06/22

926 - Manuel Maria da Rocha (1902-1986) cont...

Continuação do artigo 78

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 Nasceu na cidade da Beira em Moçambique a 8 de Outubro 1902, concluindo os seus estudos em Lourenço Marques em 1922. Pouco depois interessa-se vivamente pela aviação, tendo em 1931 feito parte de um núcleo inicial de aviadores civis Moçambicanos, que na escola do Aero Clube de Moçambique na Vila de João Belo e sob a batuta do instrutor sul-africano James Childs adquire as suas asas.

Quando o Major Sul-africano Allister Mackintosh Miller teve um acidente com o seu Gipsy Moth em 1930 junto ao porto de Lourenço Marques em Moçambique, Manuel Maria Rocha, então funcionário dos serviços técnicos da Companhia de Eletricidade em João Belo, comprou o que dele restava por 3.000 escudos num leilão da Alfandega de Moçambique, e reconstruiu o avião numa garagem de automóveis desta vila ao longo de dois penosos anos. O avião foi testado, após ter sido reconstruído pelo primeiro piloto civil existente naquela colónia Armando de Vilhena Torre do Valle, grande amigo de Rocha e um dos pioneiros da nossa aviação, tragicamente morto por um elefante durante uma caçada a 16 de Setembro de 1937. Coube-lhe batizar o CR-MAC com o nome da terra onde foi reconstruído “Chai-Chai”, já naquela altura assim se conhecia a Vila de João Belo.
Em 1932, Manuel Maria Rocha e Santos Gil dão corpo à criação de uma escola de pilotagem que estará na origem de um projeto mais ambicioso, a constituição da primeira companhia aérea Moçambicana: Aero Colonial Lda.
Operando um Cirrus Moth (CR-MAC), um Puss Moth (CR-MAD) e um Waco de quatro lugares (CR-MAH), a companhia fechou em 1936, quando a DETA (Divisão de Exploração dos Transportes Aéreos) foi criada.
Manuel Maria Rocha, titular da 1ª licença de Piloto de Aviões de Transportes Públicos emitida em Portugal, tornou-se então no primeiro piloto da DETA, tendo em 1944 optado pela SABENA (no ex. Congo Belga) e em 1946 a convite expresso de Humberto Delgado integrado os quadros dos TAP - Transportes Aéreos Portugueses.
Em 1948 Manuel Maria da Rocha é convidado a integrar a SATA, que entretanto tinha adquirido os DeHavilland Dove retomando as operações suspensas desde a queda do seu único Beechcraft UC-45 no ano anterior.
Manuel Maria Rocha deixou a SATA em 1953, retornando a Moçambique sua terra natal, onde dirigiu e reestruturou o Clube Aeronáutico do Niassa, regressando à metrópole em 1961.
Manuel Maria Rocha morreu em Lisboa a 12 de Abril de 1986.





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