Foi a DETA criada pelo Diploma Legislativo n.º 521, publicada no Boletim Oficial n.º 34 - 1ª série da Colónia de Moçambique, com a assinatura do Governador-geral interino em exercício José Nunes de Oliveira, na data acima mencionada (26 de Agosto de 1936).
Aos comandos do DeHavilland Dragon Rapide “CR-AAD”, coube ao comandante Manuel Maria Rocha e ao mecânico Joaquim Antunes da Costa, o feito de terem efectuado o primeiro voo comercial desta empresa, que descolou do Campo Militar da Carreira de Tiro. Iniciaram-se assim as suas operações a 22 de Dezembro de 1937, ligando Lourenço Marques (Maputo) a Joanesburgo, mais precisamente ao aeródromo de Germiston. Contava nesta altura a DETA na sua frota dois DeHavilland DH87B Hornet Moth e um DeHavilland DH90 Dragonfly. As carreiras internas regulares teriam o seu início a 11 de Abril de 1938, ligando Lourenço Marques a Quelimane com escalas em Inhambane e Beira.
Assim nasceu a DETA, como consequência da larga visão do então Director dos Portos Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique Major Francisco dos Santos Pinto Teixeira, que foi o verdadeiro pai desta companhia aérea Africana.
Na sequência de uma visita aos Caminhos de Ferro da África do Sul, especificamente à sua secção de aviação, elaborou o Major Pinto Teixeira um extenso relatório que serviu de base à criação da Divisão de Exploração dos Transportes Aéreos (DETA). Aliás também a DTA em Angola foi criada posteriormente em moldes idênticos. Para suplantar as dificuldades encontradas na aquisição de aviões, treino de pilotos e falta de experiência em operações de voo no transporte aéreo, foi convidado o Major Piloto Aviador Jorge Vasconcelos D’Ávila, oriundo da Aeronáutica Militar que ao declinar o convite abriu caminho à nomeação em 21 de Julho de 1937 do Major Piloto Aviador Álvaro Herculano Pinho da Cunha, também oriundo da mesma arma.
A finalidade da criação da DETA foi sempre a exploração de carreiras regulares entre os principais centros populacionais de Moçambique, e entre estes e os países vizinhos. O pessoal navegante começou por ser criado aproveitando a circunstância de já existir um profissional qualificado no território, o Piloto aviador Manuel Maria Rocha, detentor do certificado de piloto de transportes públicos, além de possuir o curso de mecânico.
Logo após a admissão de Manuel Maria Rocha, sem dúvida o primeiro piloto da DETA, que juntamente com o Major Pinto da Cunha, o piloto sul-africano Daniel Rabeck e o mecânico de voo / operador de rádio Joaquim Antunes da Costa constituíram as primeiras tripulações da DETA.
Foram posteriormente enviados para a África do Sul os alunos pilotos Gabriel Zoio, Borges Delgado e Pires do Vale, além dos mecânicos/radiotelegrafistas Albino Lopes, José Monteiro Júnior, José Amado, Ernesto Barroso, Virgílio Peixoto e Francisco Manuel Fragoso. Em 1938, na escola de pilotagem do Aero Clube de Moçambique, terminava o curso Amaral Ferreira, posteriormente seguido por Luís Branco Faria e Carregal Ferreira. A DETA foi a 2ª companhia mais antiga a operar em África, a seguir à SAA (South African Airways) que nasceu a 1 de Fevereiro de 1934.
1938 foi o ano da sua grande expansão. Foram adquiridos quatro DeHavilland 89-A Dragon Rapide directamente da fábrica inglesa e três trimotores alemães Junkers Ju52, tendo o primeiro chegado a Moçambique a 1 de Julho desse mesmo ano.
Mais uma vez a única companhia africana que recebeu e operou este tipo de equipamento, além da sul-africana South African Airways. Logo no ano seguinte, em 1939, mais dois DeHavilland Dragon Rapide e em 1940 três Lockheed 14 Super Electra.
Foi com um destes aviões, o primeiro, que a DETA teve o seu primeiro acidente grave no dia 23 de Fevereiro de 1944 em Quelimane, na qual morreu o comandante Francisco Pinto Teixeira, filho do então director geral da companhia. Em 1946, chegavam os três primeiros e célebres Douglas DC-3, mais conhecidos por Dakotas, que num total de seis operaram durante quase trinta anos ligando várias localidades nestas longínquas terras africanas. Saliente-se o facto de nunca a companhia ter tido qualquer acidente grave com este tipo de avião, tendo sido retirados de serviço no ano de 1972. Em Fevereiro de 1946 torna-se membro de pleno direito da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA). Durante 1948 foi a vez de serem integrados quatro DeHaviland DH-104s Dove, um novo tipo de avião que posteriormente veio a ser utilizado noutras antigas colónias portuguesas.
Os Junkers são retirados de serviço em 1950, dada a dificuldade em conseguir sobressalentes para os manter em voar.
Em 1951 são iniciadas as carreiras para Durban e Salisbúria, além de outros pontos no interior de Moçambique. Foi a vez de chegar mais um novo tipo de avião para a companhia, em 1949 um Lockheed Lodestar proveniente dos Estados Unidos, a que se seguiram mais dois DeHaviland Dove em 1950, outro Lockheed Lodestar em 1951, adquirido à Força Aérea Sul-africana, dois DeHavilland Dragon Rapide em 1951 e ainda outro em 1953. Já em 1954 aterrou em Lourenço Marques o último Lockheed Lodestar e em 1955 um DeHavilland Dragon Rapide. Por aqui se vê a dinâmica na expansão desta companhia aérea.
Em 1958 tomou posse um novo Director Geral o Coronel Armando Cerqueira da Silva Paes e foram adquiridos mais dois Dakotas já atrás mencionados, seguidos por um último em 1961.
Em 1960, proveniente da Republica Sul-africana, chega um DeHavilland Beaver, monomotor de trem fixo para voos de fretamento e perfeitamente adequado a pistas curtas (“bush plane” como é mundialmente conhecido). Em Julho de 1962 dá-se o grande salto qualitativo na empresa, quando esta recebe o primeiro de um lote de três Fokker F27 - 200 Friendship, encomendados em 1961. Era o começo da era do turbo propulsor na DETA. Um quarto avião foi adquirido em 1970 para substituir o CR-AIB que se perdeu num grave acidente a 27 de Março desse mesmo ano, ao abortar uma aterragem com um motor em bandeira e o trem em baixo, num voo de treino no aeroporto de Mavalane em Lourenço Marques. Morreram neste trágico acidente os seus três tripulantes.
Uma das suas primeiras hospedeiras, Branca Simões Martins, que entrou para a empresa em 1948 com 19 anos, completou em 1962 a bonita fasquia de 15.000 horas de voo.
Em Outubro de 1968 encomendou a DETA o seu primeiro equipamento a jacto puro, dois Boeing 737-200 que foram recebidos nos finais de 1970, tendo iniciado a sua operação comercial em Fevereiro de 1971.
Foi assim a primeira companhia aérea Portuguesa a operar o bi-reactor de médio curso da Boeing, que ainda hoje, mais de trinta anos volvidos, continuam a operar para a mesma companhia agora designada por Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). Ainda durante Novembro de 1971 chegou mais um Boeing 737-200QC, desta vez em versão mista de passageiros e carga, tendo finalmente em 1973 chegado o quarto e último avião desta mesma série. Entretanto um simulador para o B737 foi adquirido para o treino das suas tripulações, sendo uma das primeiras companhias africanas a possuir este tipo de tecnologia própria, ainda hoje em operação no Maputo.
A designação DETA (Linhas Aéreas de Moçambique) foi posteriormente criada pelo Eng. Abel de Azevedo, que entrou para os quadros da companhia como Engenheiro chefe em 1944 e seu Director Geral a partir de 1966. Muito do que a empresa foi a ele ficou a dever. Entre outros pioneiros destacam-se o Eng. Eduardo Marques Leitão, sucessor do Eng. Abel de Azevedo como chefe do departamento de manutenção e que entrou para a DETA em 1948, (antes estivera na DTA em Angola), o Eng. António de Oliveira Mendes desde 1952 e o Eng. Octávio Carolo desde 1960.
Chegamos assim a 1975, ano em que Moçambique se tornou independente, tendo a DETA sofrido profundas alterações que passaram pelo seu estatuto e designação a 14 de Maio de 1980: LAM – Linhas Aéreas de Moçambique.
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