DH.82A Tiger Moth "CR-ABP"
Batismo de voo de António Luís Figueiredo.
Foto de Rui Figueiredo Oliveira (sobrinho).
Cte. António Luís Figueiredo em 1950.
Foto de Rui Figueiredo Oliveira (Sobrinho)
Dakota CR-AHB na placa da Beira antes da partida para Metangula 1967
- Cte. Figueiredo, Cte. Primavera, Adelaide Lobato e Castro .
Em Metangula a caminho dos aquartelamentos da base naval num dia de muito vento - Da esquerda para a direita : Rolando Mendes de Nampula, Cte. Figueiredo, Adelaide Lobato e J. Primavera.
DETA - DC 3 - Comte. Figueiredo, Copiloto J.Primavera, Mecânico Castro, no primeiro voo de um DC 3 a Vila Junqueiro em Abril de 1967 transportando a comitiva da fadista Maria Pereira numa digressão por Moçambique promovida pela Robialac. Recordo que a minha saudosa Amiga D.Lúcia a boa companheira do não menos saudoso Comte. Faria, comentava depois do nosso desembarque:
-Tenho de dizer ao Faria que o Dakota da DETA fêz uma aterragem mais curta do que o seu Aztec !!!
Com humildade confesso que o autor da aterragem foi este vosso amigo ...
Foto e comentário de Cte. Primavera.
António Luís Figueiredo - O primeiro voo como Co-Piloto, de L.M./Beira/Porto Amélia; Comandante do Voo - Cte. Branco". Foto do sobrinho Rui Figueiredo Oliveira
Homenagem póstuma do cte. Primavera ao cte. António Luís Figueiredo
Faleceu sábado dia 28 de Junho o meu Amigo e
colega de voo da DETA, o Comandante ANTÓNIO LUÍS FIGUEIREDO, “FIGAS” como era
por nós conhecido.
Nascido em Lourenço Marques em 1926, iria
completar a 30 de Outubro os 88 anos de idade.
Depois de se perder um companheiro, muito se
diz e muito se fala sobre o que ele foi, sobre o que ele fez, ou não fez,
elogiando os acontecimentos de que então
nos recordamos!
Sem querer seguir esse caminho demasiado sentimental
vou apenas reviver numa curta homenagem, quatro pequenas situações das muitas
que partilhamos durante aqueles maravilhosos tempos em que voei na DETA como
copiloto de um profissional que se iniciou na aviação como mecânico de
manutenção de aviões, passou para o voo como mecânico radiotelegrafista e finalmente
como piloto de aviões, função que exerceu até ao ano em que completou sessenta
e quatro anos de idade.
Em meados de 1967 a cantora de fados Maria
Pereira, a convite do Movimento Nacional Feminino, fez uma digressão por
Moçambique cantando para os militares em missão de serviço nos principais
aquartelamentos.
Fomos destacados, o Comandante Figueiredo, eu,
o mecânico de voo Castro e a assistente Adelaide Lobato para um fretamento que transportaria
um conjunto artístico liderado pelo conhecido empresário Covões das tintas
Robialac e sua mulher a fadista Maria Pereira acompanhados pelo pessoal de
apoio e respectivo material para a realização dos espectáculos.
1 - A primeira escala foi a pista de Metangula
no magnífico Lago Niassa onde pela primeira vez aterrou um DC3, o CR-AHB da
DETA numa manobra perfeita atestada por uma multidão de marinheiros que vieram
esperar a cantora.
Nas instalações da base naval de Metangula
fomos “obrigados” pela primeira vez a assistir ao espectáculo da Maria Pereira.
2 – A segunda escala foi no Lumbo, onde
chegamos com uma hora de atraso por se ter verificado à partida de Metangula uma
avaria no motor do lado direito eficientemente reparada pelo nosso mecânico de
voo, o 3º membro da tripulação do cockpit.
Mesmo assim a população do Lumbo esperava-nos
para poderem assistir ao espectáculo prometido pelo representante da “Robialac”.
Aí o “Figas” desculpou-se não poder estar
presente, com a necessidade de proceder a uma cuidada verificação do motor
direito. É claro que nós, seguindo o exemplo do Comandante escusámo-nos a assistir
ao espectáculo que víramos na véspera e que, diga-se em abono da verdade, era
muito enfadonho!
3 – A terceira e a última escala teve por
cenário a encantadora povoação de Vila Junqueiro onde brilhava a simpatia do
casal Peixoto, a Dona Lúcia e o Comandante Faria, mais conhecido pelo “Faria do
Gurué”.
Também a pista do Gurué recebeu pela primeira
vez a visita de um DC3.
E tão grande era a nossa preocupação numa
aproximação curta a esta pista de pequenas dimensões que, como dizia D. Lúcia
entusiasmada com a presença daquela aeronave um ”pouco maior” do que o pequeno
AZTEC do seu Faria, repetia - o DAKOTA, sendo muito maior que o AZTEC, aterrou num
espaço mais curto do que o Faria.
É claro que a presença do casal Peixoto serviu
de pretexto para mais uma ausência nossa no espectáculo da fadista Maria
Pereira!
Finalmente esta pequena homenagem ao Comandante
Figueiredo ficará completa com o registo que se segue e que revela bem o
espírito de missão que nos animava a todos nós tripulantes da DETA nos momentos
mais difíceis da vida das populações, como o que aconteceu naquela tarde de
verão de 1968:
- Havíamos descolado do aeródromo da Beira
pelas oito horas da manhã na carreira habitual com destino a Porto Amélia,
escalando Quelimane, Tete, Vila Coutinho, Nova Freixo, Vila Cabral e Nampula.
Já perto de Porto Amélia foi-nos transmitido um
pedido do hospital da cidade para a evacuação de doze militares vítimas de um
acidente de viação e que necessitavam de assistência especializada que só lhes
poderia ser administrada no hospital de Nampula.
A nossa chegada estava prevista para cerca das
dezassete e trinta.
O comandante Figueiredo sabendo de antemão que
nenhum dos tripulantes se recusaria a efectuar esta missão, teve contudo o
cuidado de esclarecer a tripulação para o facto de que a sua aceitação
implicaria um acréscimo de aproximadamente três horas de voo, não contando com
o tempo de trabalho imprevisível naquelas circunstâncias.
Antecipando a operação de evacuação pedimos que
fossem preparados os feridos para o embarque à nossa chegada a Porto Amélia o
que infelizmente não resultou dado que se processou de modo extremamente lento devido
ao estado dos acidentados.
Só conseguimos descolar com destino a Nampula
pelas vinte horas. Depois de desembarcados os nossos passageiros, iniciamos o
regresso acabando por aterrar finalmente em Porto Amélia cerca das três horas
da madrugada após vinte horas de trabalho em que fizemos nove aterragens!
Recordo-me que quando nos dirigíamos para o
hotel disseste na tua maneira de falar:
- Obrigado pessoal pela vossa dedicada
colaboração. Muito obrigado!
“Hambanine” “Figas”. Adeus!
Joaquim Primavera
Vila de Parede 01/07/2014
2 comentários:
Muito obrigado Cte Primavera por este testemunho de um Homem dedicado à causa comum e humanista.
e de quem temos gratas recordações na vigência DETA.
EVasconcelos
RIP Comte. Figueiredo e condolências à família enlutada.
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