Com o deflagrar da Guerra em Angola no mês de Março de 1961, muitos pilotos civis, associados dos aeroclubes locais, ultrapassando em muito os voos desportivos de rotina e arriscando as suas próprias vidas, colocaram-se de imediato ao serviço das populações indefesas e dos militares que combatiam no terreno.
A escassez de meios que a Força Aérea dispunha em Moçambique foi um dos fatores que fez apressar a constituição das Formações Aéreas Voluntárias naquele território. Em Junho de 1962, apenas um mês após a promulgação do Decreto-lei que criava a cobertura legal para aquelas organizações, o Aeroclube da Beira (ACB), presidido pelo Eng. Jorge Jardim, requereu a necessária autorização para criar uma FAV. Em Lourenço Marques, o Aeroclube de Moçambique (ACM), havia requerido igualmente a constituição de uma FAV e de um destacamento em João Belo (Xai-Xai), localidade considerada o berço da aviação civil em Moçambique.
FAV 301 - inaugurada por ocasião do 26º aniversário do ACB com uma cerimónia de juramento de fidelidade que presidiu o comandante da 3ª RA, General Machado de Barros, era constituída por 12 pilotos (entre os quais uma senhora) e pelos seguintes
aviões: um Piper Tripacer (CR-AGN), dois Piper Colt (CR-AHJ e CR-AHN), um Chipmunk (CR-AEE) e um Piper Apache (CR-AFZ), a que se juntariam mais tarde um Chipmunk (CR-AEH), um Tiger Moth (CR-AFP) e dois Taylorcraft (CR-ACA e CR-ABZ).
FAV 302 – constituída no ACM, dos 53 pilotos inscritos, por estritas razoes de organização, apenas foram admitidos 12. Os meios aéreos colocados ao seu serviço foram: um Piper Tripacer (CR-AFM), um Beechcraft Bonanza (CR-AHU), um Chipmunk (CR-AEI), seis Tiger Moth (CR-AGL, CR-AGM, CR-AHO, CR-AHQ, CR-AHR e CR-AHS), um Hornet moth (CR-AAC), juntando-se-lhes no ano seguinte um Cessna 140 (CR-AFC) e um Super Cub (CR-AGO).
À semelhança do que acontecia em Angola, as FAV’s de Moçambique estavam na dependência doa comandantes das unidades aéreas do respectivo sector, recebendo apoio material (sobretudo combustível e lubrificantes), técnico e instrução sobre observação aérea, missões gerais e missões especiais, possuindo um modelo de fardamento próprio: um fato de voo fornecido pela FA com indicação do nome do piloto e da FAV respectiva. Em situações de emergência, aquelas unidades complementares eram alertadas pelas unidades dos sectores aéreos de cuja dependência se encontravam.
Gradualmente durante o ano de 1963, foram sendo constituídas mais FAV’s, assim descriminadas:
FAV 302 JB – Destacamento de João Belo, dotada de pilotos do Aero Club de Gaza e dispondo de um avião Super Cub (CR-AGA).
FAV 303 – integrada na esquadra operacional do Aeródromo Base nº 5 (AB5) e envolvendo pessoal e material do Clube Aeronáutico do Niassa (Nampula), Aeroclube do Lumbo e Aeroclube de António Enes, dela fazendo inicialmente parte 11 pilotos, três aviões Piper Cub (CR-AEC, CR-ACE e CR-ABD) e um Piper Aztec B (CR-AHX), este ultimo abatido ao efectivo a 23 de Agosto de 1963, juntando-se-lhes em Junho desse ano um Piper Vagabond (CR-ADB).
FAV 304 – constituída no seio do Aeroclube de Cabo Delgado (Porto Amélia), integrada por 10 pilotos e por um Piper Tripacer (CR-AFK), um Piper Cub Special (CR-AGP) e um Cessna 172 (CR-AFG), abatido ao efectivo em Agosto de 1963.
FAV 305 – em Inhambane, integrada na esquadrilha operacional nº 801 (Lourenço Marques) envolvendo pessoal e material do Aeroclube de Inhambane. Era contituida por 3 pilotos, um avião Piper Vagabond (CR-ACU), um Piper Cub Special (CR-ADO), um Piper Comanche (CR-AGI) e finalmente um Chipmunk (CR-AEK), a ultima aeronave deste modelo a voar nos céus Moçambicanos.
FAV 306 – criada em Quelimane a 26 de Setembro de 1964, contava com 2 pilotos do Aeroclube da Zambézia e como meios aéreos dois Piper Cub (CR-ADQ e CR-AFD), um Super Cub (CR-AGV) e um Chipmunk (CR-AFE).
Algumas das FAV’s já constituídas denotavam contudo dificuldades no seu funcionamento, caso concreto das FAV’s 303 (Nampula) e 304 (Porto Amélia) adstritas ao AB5 em Nampula, antes da transferência desta unidade para Nacala.
A ampliação da rede das FAV’s, propicionada pela existência de um numero considerável de aeronaves de desporto e de turismo , propriedade dos aeroclubes, prosseguia em bom ritmo, registando-se no ano imediato a constituição de mais seis:
FAV 307 - em Vila Cabral, dispondo de um Auster (CR-AIO).
FAV 308 – em Tete com dois Auster (CR-AHV e CR-AIL).
FAV 309 – em João Belo (antigo destacamento da FAV 302 JB) e à qual estiveram atribuídos pelo menos o Super Cub (CR-AKA) e o Auster (CR-AIO), proveniente da FAV de Vila Cabral.
FAV 310 - em Vila Pery (antigo destacamento da FAV 301 VP), sendo os meios aéreos compostos por dois Auster (CR-AIO vindo de Vila Cabral e CR-AIR).
FAV 311- (antigo destacamento da FAV 303AE) em António Enes dispondo de um Piper Family Cruiser (CR-AEN).
FAV 312 – no Lumbo (antigo destacamento da FAV 303L) com um Auster (CR-AIK).
Um dia antes da inauguração da FAV de Quelimane. Moçambique confrontava-se com o conflito armado, após um ataque desferido na zona de Mueda.
Decreto 44.371 da Formação das FAV
Decreto 44.371 da Formação das FAV
Ricardo Jorge Rogado Quintino FAV 301 - ACB FAV 301 - Aero Clube da Beira 01/08/1964
FAV 302 - ACM FAV 302 - ACM
FAV 301 - Aero Clube da Beira
Armindo Brites+?+?+ Fátima Brites Foto de Carlos Brites FAV 301 - Aero Clube da Beira Foto de Carlos Brites