25/10/06

101- Gladiolos em Vila Cabral, agora Lichinga

Gladíolos de Vila Cabral (expostos na aerogare). Foto de Vítor Silva

Em 1969, ao ler a obra, "History of the Universities' Mission to Central Africa", oferecida pelo Padre Paul, Director da missão protestante de Messumba, (próximo de Metangula), chamou-me a atenção que num relato da viagem, Zanzibar ao Lago Niassa, um explorador missionário (século XIX), referisse com espanto a existência de grande abundância de pujantes gladíolos selvagens, nos planaltos elevados do Niassa.
Assim e com grande curiosidade, nasceu a ideia de experimentar a cultura deste tipo de flores. Contactei o Eng.º Madureira dos Serviços de Agricultura, Amigo de horas amargas, que se mostrou muito interessado. Segundo ele, era uma cultura providencial para o momento que então se vivia, especialmente no colonato de Nova Madeira. povoado na sua quase totalidade por oriundos daquela ilha e vivendo com enormes dificuldades resultantes da guerrilha e das minas.
A cultura das flores não era novidade pois muitas das mulheres tinham já experiência dessa actividade.
Era ainda uma cultura que podia efectuar-se na vizinhança da habitação, sem deslocações perigosas, minimizando o perigo das minas.
Tinha ainda a particularidade de ser escoável por via aérea, característica rara em produtos agrícolas o que para o Niassa era fundamental quer pela inexistência de comunicações capazes quer pelas enormes distâncias aos centros de consumo.
Da Holanda foram importados os bolbos e distribuídos pelos residentes do colonato. A escolha, embalagem, transporte via DETA, colocação em Nampula, Beira, Lourenço Marques, etc. foram a minha função.
Por curiosidade posso referir que o primeiro lote de caixas específicas para a embalagem, fabricadas conforme o standard Sul-africano, eram 50 centímetros mais curtos que as flores. Estava provada a aptidão natural da terra para o cultivo daquelas flores. O explorador protestante tinha razão
Ainda hoje se vendem desses gladíolos em Vila Cabral (Lichinga)

Relato de Vítor Silva, que foi piloto na OCAPA - P. Amélia (Pemba) em 66/68 e de 68 a 1972, nos TAN, Vila Cabral (Lichinga) e também, no Serviço da Aeronáutica Civil, em Moçambique.

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