10/05/09

596-Cte. António de Almeida Viegas






Foto tirada em Catulene. Moçambique Foto de Victor Cabral.















Natural de Oliveira do Hospital.
Nasceu a 22 de Agosto de 1940.
Iniciou a sua carreira aeronáutica como piloto agrícola na CAFUM (Companhia de Fumigações de Moçambique) corria o ano de 1966. Em 1968 é admitido na TAM (Transportes Aéreos de Moçambique) com base na Beira e pertencente a Jorge Guerra. Em 1973 ruma à STEIA (Sociedade Técnica de Equipamento Industrial e Agrícola) onde permanece até 1974, ano em que ingressa na DETA como copiloto de Fokker F-27 “Friendship”, onde permanece até 1977.
Voou posteriormente na Air Tanzania, Diamang, Sonangol, TAAG e Sonair, tendo-se reformado ao completar 60 anos de idade.
Faleceu a 5 de Maio de 2009 vítima de acidente rodoviário.

Artigo da revista do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil SPAC (CLicar)
a)Fotos cedidas pela sua filha Carla Viegas Alvim a quem agradecemos.

01/05/09

595-Uma homenagem ao Cte. Joaquim Maria Alberto Craveiro




Aviãoooo! Aviãoooo! Gritavam os soldados.
O sargento de dia mandava montar a segurança à pista, mas, mesmo que não estivesse montada, o avião, aquele avião, aterrava sempre sem mais demoras. Todos os aviões, ou melhor, todas as naves voadoras, que ali aterravam tinha personalidade própria. Era a Dornier da Força Aérea, franzina e acrobática, os mono e bimotores de vários construtores e modelos, os helicópteros Alouettes III e Pumas SA-330, façanhudos e nem sempre bem-vindos, um dos quais caiu a vinte metros do arame farpado com vinte homens dentro e foi inteirinho para a sucata e, finalmente, o fiel e desejado EMAC. Era assim que era conhecido o Islander tripulado pelo Sr. Craveiro, cavaleiro andante dos céus, figura inconfundível nos seus calções e meia alta, oficial e cavalheiro daquela nave. Não era um avião, era “a” EMAC!

Olá, bom dia Sr. Craveiro! Que tal tem corrido a viagem?
Bom dia! Cá estamos de novo! Tem estado a correr bem, obrigado!

Era assim, impreterivelmente, todas as quintas-feiras, entre as dez e meia e as onze da manhã, em Cantina Oliveira, em Tete, Moçambique. Fizesse calor ou frio, chovesse ou estivesse sol, era assim.

Sempre ao longo dos dois anos inteiros de comissão militar naquele fim de mundo, “a” EMAC, do Sr. Craveiro disse presente. Trazia especialmente correio e frescos, mas igualmente a companhia do Sr. Craveiro, que fazia o favor de se demorar nas instalações do quartel, barracos e abrigos, mais do que o tempo necessário para descarregar a carga que tivesse o quartel como destino.

Fazíamos questão de bem receber o Sr. Craveiro. O aquartelamento esteve várias vezes largos meses sem reabastecimento por via terrestre. Largos meses sem cerveja, sem batatas, sem muitos dos géneros essenciais considerados comuns. Contudo, para o Sr. Craveiro nunca faltou uma cerveja, um martini, umas tapas. E ele apreciava e sabia que o pouco que oferecíamos era para nós muito e o melhor que tínhamos.
Da sua figura esguia emanava uma suave leveza, uma singular incerteza entre estar e partir.

Trinta e cinco anos depois, este é o retrato que tenho gravado na minha memória do Senhor Craveiro, aliás Comandante Craveiro. Comandante dos céus, de um outro destino, de uma outra missão.

Um abraço, Comandante!

João Ramos

Nota:


Obrigada João Ramos pela sua iniciativa.


O Cte. Joaquim Craveiro merece esta e todas as homenagens que lhe fizerem. E tenho a promessa de colaborar com material para o blogue.


*** Fotos de 17.06.2007. Em mais aventuras pelo ar...pelos céus de Évora num planador com o sobrinho e tb piloto Rui Craveiro.

Fotos enviadas pelo sobrinho Luís Magalhães Rebelo.