Falamos do Cessna 401 com a matrícula do Malawi "7Q-YDM”, baptizado de “Zycomo”, e da sua pitoresca história.
Ostentou este avião entre 1968 e 1974 a matrícula da Força Aérea Portuguesa 3406, matrícula fictícia, já que esta tinha já sido atribuída a um Dornier DO-27 acidentado em Angola em 1961.
Em Março de 1972 foi realizada uma operação de pulverização a zonas plantadas no planalto de Mueda, decidida pelo Comando Chefe das Forças Armadas em Moçambique, utilizando aviões e pilotos Sul-africanos.
Os pilotos Sul-africanos chegaram à BA-10 na Beira acompanhados pelo Beaver “CR-AGS” do Aeroclube da Beira pilotado pelo Bento João e Frederico Jardim (filho do Eng. Jorge Jardim). Da Beira, após reabastecimento, o grupo descolou escoltado pelos mesmos dois pilotos portugueses, desta vez no Cessna 182E “CR-AJT”, pertença do mesmo Aeroclube.
Daí rumaram a António Enes e finalmente Nangololo, onde ficaria a base de operações destes aviões.
Faltava contudo um meio rápido que permitisse a ligação entre Mueda e Nangololo.
Foi aqui que surgiu a cedência do Cessna 401 do Eng. Jorge Jardim, que tinha contudo um óbice: ostentava uma matrícula civil e ainda por cima estrangeira.
Foi assim que com a perspicácia e algum jeito, utilizando banda plástica autocolante, que o Cessna foi incorporado e transformado no FAP 3406, tendo havido o cuidado de lhe dar uma matrícula já inexistente.
Assim foi um dos poucos aviões da Força Aérea Portuguesa que não vestia um uniforme a rigor, já que a sua pintura era pouco ortodoxa para o standard dos nossos aviões militares: todo branco com o dorso inferior da fuselagem e das asas de cor azul.

Texto e fotos do Cte. Vilhena.
Eng. Jorge Jardim e filha Patucha Jardim 1965